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Santo Agostinho

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

DESESPERADO, REINALDO DIZ AGORA QUE KIT GAY É OBRA PETISTA

Um dos responsáveis diretos pela rejeição a José Serra, o blogueiro Reinaldo Azevedo agora afirma que foi o PT quem inventou essa história de kit-gay, Silas Malafaia etc
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19 DE OUTUBRO DE 2012
247 – O Datafolha aponta: rejeição a José Serra atingiu níveis recordes e bateu em 52%. Parte dessa rejeição deve-se às companhias de Serra. Entre elas, a de Reinaldo Azevedo. Há quem não vote em Serra simplesmente porque Reinaldo, mestre-sala do estilo neocon da imprensa brasileira, vota.

Reinaldo não apenas vota em Serra, como também distorce a realidade. Nesta sexta-feira, ele afirma que foi o PT quem incluiu a temática do kit-gay na eleição paulistana. No domingo passado, Serra concedeu entrevistas a dois jornais, Folha e Estado (leia aqui), abordando o tema. Reinaldo, por sua vez, promoveu como ninguém os vídeos supostamente geniais de Silas Malafaia (leia aqui). Deu no que deu.

E agora, na linha “toma que o filho é teu”, Reinaldo tenta sair de fininho, dizendo que não tem nada a ver com o kit-gay. Leia:

O kit gay fantasma! O grande eleitorado, até agora, não sabe que história é essa! Nem a TV nem a campanha eleitoral lhe contaram nada a respeito. Ou: A grande canalhice!

Escrevi ontem um post demonstrando, com fatos, por A mais B, que são os petistas a demonstrar, desde o começo do ano, uma verdadeira obsessão com o tal kit gay, não o tucano José Serra. O candidato do PSDB, por incrível que pareça, não tocava e não toca no assunto, a não ser quando indagado. Não obstante, desde março, há a grita na imprensa: “Não falem disso!” A questão ganhou maior temperatura quando o pastor Silas Malafaia se pronunciou sobre o tema — fazendo críticas também, note-se, ao material preparado pela Secretaria de Educação de São Paulo, que não é kit coisa nenhuma! Ele fez a devida distinção e disse por que, na sua opinião, o kit de Haddad é mais perverso. Há uma grande diferença entre enviar um livro com orientações a professores e enviar kits a alunos a partir de 11 anos. Mas volto ao ponto.

Serra não tocou no assunto, reitero. Quando indagado sobre o material produzido por Haddad, praticamente repetiu opiniões expressas pela presidente Dilma Rousseff, que vetou os kits. Não obstante, setores consideráveis da imprensa, especialmente alguns assessores informais do petismo — não sei a extensão dessa “informalidade” —, o acusam de, como é mesmo, “conservadorismo” e “obscurantismo”. Dilma, então, não era? Ainda que fosse verdade, escandaloso é que se considere o conservadorismo um crime de opinião.

É absurda a baixa qualidade do debate político! Ocorre que isso também é falso. Malafaia falou, sim, sobre o kit e deu apoio a Serra, mas o PSDB passou longe desse debate. O candidato se limitou, insisto, a afirmar que não cabe ao governo fazer proselitismo a favor de determinadas práticas sexuais. O vídeo preparado por Haddad afirma, com todas as letras e sons, que ser bissexual é superior a ser heterossexual.

Tanto o PSDB não levou o tema à campanha que a população não está sabendo dessa história, não! O tema não chegou ao povão. Já fiz o teste com, como direi?, as minhas bases populares. Nada! Ninguém sabe! Aliás, se eu pudesse apontar um erro na campanha tucana, diria que está justamente em não ter mostrado aos eleitores o que Haddad pretendia levar às escolas, a seus filhos, irmãos, sobrinhos, netos. Se os tucanos tivessem usado o filme no horário eleitoral (como o jornalista Marcelo Coelho, pró-PT, da Folha, sugeriu que o próprio Haddad fizesse), aí, sim, se poderia falar que a campanha de Serra, então, resolveu tratar do tema. Mas nada! Nas entrevistas que o tucano concede, se a questão não é proposta por jornalistas, ele passa ao largo. Ontem, no debate da Band, nem se tocou no assunto.

Monotema

Não obstante, isso virou uma espécie de monotema da campanha quando Serra é entrevitado. O mais espantoso, o estupefaciente mesmo!, é que o tucano, QUE NÃO FEZ O KIT, é indagado a respeito, e Haddad, QUE O FEZ, é poupado da pergunta. Por quê? Para quê? Porque essa é uma agenda de um setor da sociedade, justamente daqueles mais empenhados em passar seus valores goela abaixo da população, na base do grito e do abafa. E assim se faz para tentar demonizar um candidato e endeusar outro.

O fato é que, até agora, o kit gay é um verdadeiro kit fantasma! Fala-se dele — fazendo-se sempre a cobrança a Serra —, escondendo-o. Os jornais, lidos por uma parcela ínfima da população, fazem resumos distorcidos do conteúdo, mas sempre com o aporte teórico de sedizentes especialistas, que o endossam. Ontem, na Folha Online, uma certa professora de psicologia da PUC-SP defendeu o material e disse que certos tabus merecem mesmo tratamento de choque. Psicologia do choque!!! Estamos feitos…

Mesma estratégia

O PT, em associação com suas franjas na imprensa, repete, assim, a mesma estratégia de 2010. Na disputa presidencial, as opiniões de Dilma sobre o aborto — ela defendia a legalização — foram tratadas como “acusações de Serra”, que não havia tocado no assunto. ELA NUNCA FOI CONFRONTADA COM AS PRÓPRIAS OPINIÕES, MAS SEU OPONENTE ERA OBRIGADO A FALAR SOBRE UM SUPOSTO FUNDAMENTALISMO RELIGIOSO. Agora, a mesma prática: para que Haddad possa ser preservado da própria obra e para que o tema jamais chegue ao povão — como não chegou! —, faz-se gritaria: “Conservador! Reacionário!” Quem? Cadê o kit gay na campanha eleitoral?

Atenção! O PT tem todo o direito de elaborar as suas estratégias — isso é do jogo. A associação com o jornalismo “isento”, que passa a fazer assessoria de imprensa para o petismo, é que é o fim da picada.

Finalmente

Finalmente, aqui e ali leio a opinião de alguns bananas, a afirmar que Serra faz muito mal — aí, sim, foi ele mesmo! — em tocar em temas como mensalão ou a gestão de Haddad no MEC. Huuummm… Não dá para levar isso a sério. Para perder ou para ganhar, disputas eleitorais têm de tratar de questões políticas. E a crítica tem de ser feita! Ou alguém vai tentar provar que o petista Haddad foi apenas propositivo nessa disputa?

A verdade insofismável é a seguinte: amplos setores da imprensa paulistana fazem a campanha de Haddad desde que, na base do dedaço, Lula o fez candidato — e apontei isso aqui precocemente. Afinal — colhia-se nos bastidores — a cidade estaria a precisar do “novo”. O “novo”, no caso, é um nome indicado por um coronel da política, que traz consigo as forças que governaram a cidade por 16 dos últimos 24 anos!

Por Reinaldo Azevedo

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