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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Um debate de ideias - Borges X Vinícius + MF

Primeiro vamos ao artigo de Rodolfo Borges constante do site Brasil247, publicado no dia 19 do corrente. Sua chamada e teor são:

Como vencer o debate sobre a privatização sem ter razão


Diante da inoperância dos maiores aeroportos do país, a presidente Dilma Rousseff resolveu leiloar à iniciativa privada a administração dos principais terminais de São Paulo, Campinas e Brasília. Bom para os aeroportos (assim esperamos), ruim para o PT, que corre o risco de perder seu maior capital eleitoral.
É, tucano, chegou sua hora: pode partir pra cima e comparar a concessão do governo às privatizações que marcaram o governo de Fernando Henrique Cardoso. A guerra de manipulação semântica foi declarada há mais de 10 anos e você conseguiu, enfim, uma oportunidade de deixar a vergonha de lado e contra-atacar.
Se privatização fosse o mesmo que concessão, não haveria a necessidade de duas palavras para designá-las, mas isso não importa, certo? Foi quando criticaram obsessivamente os leilões organizados na década de 1990 que os petistas iniciaram a disputa sobre os significados de privatizar. 
Para o pessoal do PT, vender uma estatal significa entregar os bens do país aos ianques, e não enxugar a inchada estrutura estatal ou tentar melhorar um serviço mal prestado, como alegavam os tucanos. Como o mérito da questão nunca esteve no centro desse debate, vale tudo, e ter razão é menos importante que convencer.
Vale, por exemplo, apelar para premissas falsas, como "tudo que o PSDB faz é ruim, portanto a privatização da telefonia foi ruim". Repitam em uníssono, petistas: ainda que o PT faça o mesmo que o PSDB, será bom, porque é feito em nome de um projeto de partido. O argumento vale ainda que os dois processos tenham, no fim das contas, as mesmas origem e intenção.
É indicado também aos petistas, em suas discussões de bar ou parlamento, ignorar o papel dos fundos de pensão públicos na compra (ou aluguel, como queira) dessas estruturas estatais. Só assim será possível dizer que os aeroportos ainda estão sob controle do Estado, mas a Vale, não. Entre todos esses argumentos, é bom guardar espaço para agressões pessoais, que costumam desempenhar um bom papel na irritação do adversário.
Por último, uma dica para manter esse profícuo debate: é essencial ignorar a confusão entre os poderes público e privado no Brasil -- fato que, se considerado, tornaria inócua qualquer discussão acerca das privatizações. Para quem não entendeu, basta prestar atenção na preparação do País para a Copa do Mundo. Quem souber dizer onde começa o Estado e onde termina a empresa ganha uma ação ordinária.

O leitor Vinícius fez os seguintes comentários:
Vinicius 20.02.2012 às 02:12
Rodolfo, minha opinião  é  que seu artigo revela meias verdades, além de uma distorção da maneira que o PT enxerga PSDB e oposição. Se tudo que o PSDB fizesse fosse ruim, a Presidenta não chamaria (o PSDB), tal como fez Lula, para compor um grande governo de coalizão, correto? Como a medida foi logo esnobada pelos tucanos que querem o poder só para eles, o PT não convidaria se os mesmos não tivessem algo com que contribuir ou promover uma sinergia. A principal crítica do PT é de que as vendas de empresas brasileiras na gestão FHC, sob o pretexto de melhorar a eficiência da mesma e seguindo a cartilha neoliberal, foram feitas de formas desesperadas. Não foi levada em conta uma série de quesitos na precificação dos bancos, das teles, da vale e etc. Precisávamos sim do dinheiro, para liquidar compromissos financeiros, mas de nenhuma forma a soberania do País poderia ter sido colocada em risco que foi o que aconteceu, com diminuição do patrimônio nacional, centenas de milhares de empregos colocados em risco, abandono de incentivos à exportação, falta de parcerias com países senão EUA e Europa (não chamaria a relação de parceria e sim submissão aos interesses), aumentos de impostos generalizados de diversos setores da cadeia produtiva e aumento criminoso dos juros para atender o capital especulativo, baixíssimo investimento em produção, infraestrutura e políticas sociais característicos do Estado enxuto e liberal, obediente as regras do mercado, se isso não fosse fato, Lula jamais teria ganho a eleição de 2002, só ganhou porque não tinha outro e mudança realmente aconteceu. E ao que tudo indica, veio pra ficar. Apesar das críticas da mídia e seu apoio canino (mas não assumido) aos governantes liberais de outrora, a realidade é que o Brasil é 70% de eleitores do PT. Que aprovaram o governo Lula, aprovam Dilma e procederá uma dinastia petista se a oposição brasileira não apresentar um plano, nem que paralelo ao PT, de País.

Vinicius 20.02.2012 às 02:23
Rodolfo, só para complementar, a privatização da telefonia foi ruim, as teconologias de ponta chegam ao país a um custo absurdo, que poucos podem pagar. O mercado começou a ficar acessível depois da chegada da Brasil telecom que equilibrou o mercado. E quanto as rodovias de São Paulo, concordo, estão entre as melhores do Brasil e é maravilhoso dirigir nelas, mas a Imigrantes um trecho de 80km ao pedágio de R$ 20,10!! É bom para quem cara pálida. Espero que o povo veja que existe uma ENORME diferença entre CONCEDER o direito de exploração de um serviço antes atribuído ao estado por um determinado período e VENDER o direito de exploração, podendo cobrar pelos serviços quanto bem entender. Essa é a confusão que a mídia não quer informar aos seus leitores.

No que este atento blogueiro meteu sua colher:

Marcello Firenze 20.02.2012 às 15:27
Sempre há quem apresente bons argumentos contra artigo bastante aceitável, como é o caso de Vinícius X Borges. De minha parte, creio que há diferenças substanciais entre o "jeito" de administrar do PT e do PSDB (além de carisma, empáfia, modismos, soberba...). E, por acaso, não houvesse, o povo que não é bobo nem nada, continuaria elegendo "ad eternum" a turma dos tucanos. O povão percebeu – claramente - que o patrimônio nacional estava sendo vendido a preço de banana e deu um basta! Vide Vale do Rio Doce. O Vinícius tem razão quando aborda o caso das telecomunicações, dos pedágios, da elevação da carga tributária (O FMI determinou e FHC a elevou de 18 para 34% do PIB; poucos, na época, gritaram contra isso), ênfase no atendimento às camadas sociais menos protegidas (em recente artigo no Financial Times, professor universitário do Canadá sugere Lula para presidente do Banco Mundial. É só para agradar? Não, é por reconhecer boa administração, voltada, principalmente, à promoção do indivíduo, ao desvalido). Porque falar que o PT sempre bate na tecla da privatização e não reconhecer que a tônica do PSDB, entra ano sai ano, é sempre sobre assuntos desimportantes como fez José Serra, por exemplo, ao chamar à discussão o tema ABORTO? Pior é que ele se esqueceu de que o problema estava em seu próprio quintal (há, há, há..., bem feito!). Tudo isso, se resume numa direção: enraivecer as hostes religiosas tacanhas contra o PT. Só deu certo, em parte, naquelas gentes fervorosas e genuflexas em reza, oração, temente ao Criador quando a sua hora está se aproximando para o encontro com Ele ou com o Diabo. Portanto, a disputa pelo poder não se traduz apenas em face da SEMÂNTICA. Muitas outras coisas estão em jogo.

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