"Não há nada escondido que não venha a ser revelado, nem oculto que não venha a se tornar conhecido". Lucas, 8:17,12:2 em Mateus10:26

"Corra o juízo como as águas; e a justiça, como ribeiro perene". Amós (570-550 a.c.)

"Ninguém pode ser perfeitamente livre até que todos o sejam".

Santo Agostinho

domingo, 13 de maio de 2012

Anonimato a serviço da agressividade no qual as redes sociais na internet

DORA KRAMER - O Estado de S.Paulo
Uma vez, lá pelos conturbados idos do governo Collor, um político alagoano cravou no adversário o apelido de "pistoleiro de almas".
Nenhum dos dois era criatura de se abrigar em casa nem flor de bom perfume. Daí, talvez, a escolha pelo acusador da designação que se aplicava de modo específico ao acusado por sua habilidade no manejo da arma do constrangimento moral para atingir seus objetivos.
Aquilo nunca me saiu da cabeça. Volta forte nesses tempos de substituição de ideias por insultos, de exercício explícito da ilação melíflua, da transformação da opinião em crime passível de rigorosa punição, da intolerância ante o contraditório, da distorção das palavras e ausência de compreensão dos raciocínios, do anonimato a serviço da agressividade no qual as redes sociais na internet encontram o ambiente ideal para replicação.
O desacato coator é o último recurso do covarde cheio de razão e carente de argumentação.
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,assedio-moral-,872295,0.htm?p=1

A grande seca que assola o Nordeste


Artigo de Gaudêncio Torquato
Jornalista, é professor titular da USP, consultor político e de comunicação Twitter @gaudtorquato
Nos últimos tempos, o crônico problema (a seca) emergiu sob manchetes que dão conta da pior seca em 30 anos – no caso da Bahia, a mais grave em 47 anos – situação que ressuscita as agruras do passado, simbolizadas por caminhões-pipa levando água para 600 cidades, filas de pessoas com balde nas mãos, lavouras dizimadas, carcaças de animais nas terras esturricadas, pequenos rebanhos desfilando uma estética da fome.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Hoje, o povo não vai mais embora porque há um colchão social para atenuar as dores de quem vê a lama virar pedra. Dos 13 milhões de famílias que recebem o Bolsa Família, a concentração maior é no sertão nordestino, onde 70% são assistidos pelo programa.
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2012/05/13/de-volta-para-passado-444866.asp

sábado, 12 de maio de 2012

Considerações sobre o caso Cachoeira

do blog do Noblat
"Logo se vê: esta segunda semana de maio de 2012 é, definitivamente, um período para ficar registrado na história e não esquecer tão cedo nos relatos, análises e crônicas sobre perdas e ganhos do Brasil. E não se fala aqui dos intrincados, secretos e insondáveis labirintos em que começa a mergulhar a chamada CPMI do Cachoeira, resultante dos escandalosos telefonemas grampeados pela Polícia Federal.
Uma história cada dia mais cinzenta, confusa, imprópria para menores, mesmo em território de escândalos os mais escabrosos - boa parte deles ainda mofando nos arquivos de polícia, nos imensos processos judiciais por julgar, ou simplesmente já transformados em pizza".
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2012/05/12/uma-perda-um-ganho-444775.asp

Conhece o senador Mário Couto (PSDB-PA)?


Não? É mais um pândego do Senado Federal. Ou um histriônico. Faz o gênero, o tipo. Um apedeuta, como se referem ao ex-presidente Lula. Mas, de vez em quando, ele fala a VERDADE! Veja o porquê:
Reunião do Conselho de Ética do Senado, dia 09 de maio corrente.
Ao fim da sessão, Couto foi explícito.
- Legaliza, põe um fundo pra futebol, para os pobres, para saúde. Cobra imposto dos caras, eles tão ficando ricos e não pagam um tostão para o Estado. Se for pegar o Brasil inteiro, quantos bilhões de reais circulam? Você faz uns 300 hospitais de grande porte a cada semestre. Essa é a moralidade que falta no nosso país. Nós somos uns falsos moralistas. Não é só o Demóstenes, não!
Veja mais em: http://www.senado.gov.br/noticias/senadonamidia/noticia.asp?n=695858&t=1

sexta-feira, 11 de maio de 2012

As fontes envenenadas da revista VEJA

As investigações da PF, com informações documentadas e já amplamente divulgadas, atestam que o bicheiro utilizava a revista Veja, do grupo Abril, para disseminar perseguições políticas, promover suas atividades econômicas ilegais, chantagear, corromper e arregimentar agentes públicos. A revista se prestava a esse esquema de coação e chantagem do bicheiro.
Frase do editorial do jornal Brasil de Fato:

Operação Las Vejas


Postado por APOSENTADO INVOCADO
quarta-feira, 9 de maio de 2012


sábado, 5 de maio de 2012

Julgamento na base americana de Guantánamo

Desenho artístico feito por um funcionário do tribunal mostra Khalid Sheikh Mohammed durante audiência neste sábado. Foto: Janet Hamlin/AP

Desenho artístico feito por um funcionário do tribunal mostra Khalid Sheikh Mohammed durante audiência neste sábado
Foto: Janet Hamlin/AP
Os réus dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, em Nova York, finalmente quebraram o silêncio no início de seu julgamento em Guantánamo, em Cuba. "Você pode não nos ver mais. Eles irão nos matar", gritou o acusado Ramzi Binalshibh.
No início do julgamento, os réus se recusaram a responder às perguntas do juiz militar James Pohl. A situação piorou quando o Binalshibh interrompeu os procedimentos ao repentinamente se levantara para rezar, depois alternadamente ajoelhar e levantar. Quando completou suas orações, ele gritou ao juiz: "Vocês vão nos matar e dizer que cometemos suicídio".
Binalshibh participa ao lado de mais quatro pessoas do julgamento: Waleed bin Attash, Ali Abd al-Aziz Ali, Mustafa Ahmad al-Hawsawi e Khalid Sheikh Mohammed, que seria o chefe da operação que derrubou as Torres Gêmeas do World Trade Center, atingiu o Pentágono e teve um de seus ataques frustrados pela tripulação do avião que caiu na Pensilvânia. Os cinco são acusados pela morte de 2,976 pessoas.
Vestidos inteiramente de branco, alguns deles com turbantes, os réus fizeram a sua primeira aparição pública em mais de três anos. Apenas um deles, Walid bin Attash, estava algemado quando o grupo chegou a corte, mas ele teve as mãos liberadas pelo juiz após prometer que se "comportaria apropriadamente".
Esta é segunda vez que os réus vão a um tribunal militar de exceção - criado há 11 anos pelo ex-presidente George W. Bush -, depois que o procedimento foi interrompido com a eleição de Barack Obama, que queria enviá-los para a Justiça comum. Há anos eles estão presos em Guantánamo à espera do julgamento - até o momento ninguém foi condenado pelos ataques terroristas de 11 de setembro. Se considerados culpados, eles podem enfrentar a pena de morte.
Após o início caótico do julgamento, os acusados optaram por manter o silêncio. O juiz decidiu ler os direitos à defesa proporcionados pelo governo americano, mas os acusados se mantiveram ausentes, lendo ou rezando com o Alcorão na mão. O advogado civil de Sheikh Mohammed, David Nevin, assegurou que a escolha de não falar é uma forma de protestar pelo tratamento em Guantánamo.
O presidente americano, Barack Obama, queria que o julgamento ocorresse em Manhattan, muito perto de onde estavam as Torres Gêmeas. Ele foi, no entanto, impedido pela oposição republicana no Congresso, que bloqueou a transferência a território americano de acusados de terrorismo.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Livro muda história da ditadura

Meus comentários

Você, ao tomar conhecimento desse assunto, pode se perguntar do porquê da confissão espontânea de alguém que participou tão diretamente de um dos períodos mais negros da história do país, com sérios danos à sua imagem e à de muitos ex-colegas.

Vejo como um dos motivos maiores as mudanças que sua vida sofreu, principalmente, a espiritual.

Veja o vídeo a seguir e tire suas conclusões.



Exclusivo: livro bomba! Apagaram o Fleury
“Militantes de esquerda foram incinerados em usina de açúcar”. Delegado revela em livro que viraram cinzas os corpos de David Capistrano, Ana Rosa Kucinski e outros oito opositores da ditadura
A primeira confissão do atentado ao Riocentro
Ex-delegado do DOPS conta ter participado atentado, dá nomes dos  chefes militares da operação e conta o que deu errado
Tales Faria, iG Brasília
Participei do atentado ao Riocentro (durante as comemorações do Dia do Trabalhador, em 1981) e fiz parte das várias equipes que tentaram provocar aquela que seria a maior tragédia, o grande golpe contra o projeto de abertura democrática”, revela o ex-delegado Cláudio Guerra, do DOPS (Departamento de Operações Políticas e Socias), no livro “Memórias de uma guerra suja”.
O depoimento aos jornalistas Rogério Medeiros e Marcelo Netto, que acaba de ser publicado pela editora Topbooks, é a primeira confissão de participação no atentado feita por um integrante das forças de resistência á redemocratização do país no final da década de 70.
No Riocentro, bomba explodiu antes da hora do atentado previsto e matou agente de informações do Exército

Cláudio Guerra conta que a bomba explodiu por engano no colo do sargento Guilherme Pereira do Rosário por um erro do capitão Wilson Luís Chaves Machado, que dirigia o Puma onde os dois estavam:

Aquela bomba era uma das três que deveriam explodir no show. O capitão Wilson estacionou o veículo embaixo de um fio de alta tensão e a carga elétrica desse fio, a energia que passava em cima do Puma, fechou o circuito da bomba, provocando a explosão. O erro foi do capitão. (…) Eu era especialista em explosivos.”
O ex-delegado dá os nomes dos comandantes da operação, “os mesmos de sempre”:
O coronel de Exército Freddie Perdigão (Serviço Nacional de Informações); o comandante Antônio Vieira (Cenimar); e o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra (comandante do Departamento de Operações de Informações do 2º Exército – DOI-Codi).
Quanto à sua equipe, a missão seria prender esquerdistas que seriam responsabilizados pelo atentado: “Fui para lá com uma lista de nomes.”
Mas deu tudo errado. Com a explosão da bomba no Puma, os militares policiais civis e os policiais civis que levavam outras duas bombas abortaram a operação.
“O destino daquela bomba era o palco. Tratava-se de um artefato de grande poder destruidor. O efeito da carga explosiva no ambiente festivo, onde deveriam se apresentar uns oitenta artistas famosos, seria devastador. A expansão da explosão e a onda de pânico dentro do Riocentro gerariam consequências desastrosas. Era evidente que muitas pessoas morreriam pisoteadas.”
Segundo conta Cláudio Guerra, a coordenação feita pelo pessoal de inteligência havia mandado suspender todos os serviços de apoio do Riocentro, incluindo o policiamento e a assistência médica, para que não houvesse socorro imediato às vítimas. Até as portas de saída foram trancadas e placas de trânsito com siglas da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) haviam sido pichadas para dar a entender que se tratava de uma ação da esquerda.
“Delegado Fleury foi morto pelos militares”
Delegado da ditadura diz ter participado da decisão. E confessa o assassinato de dirigente comunista Nestor Veras
Tales Faria, iG Brasília

Delegado Cláudio Guerra (Foto: Divulgação)

Símbolo da linha-dura do regime militar, o delegado Sérgio Paranhos Fleury – titular da Delegacia de Investigações Criminais (DEIC) de São Paulo – foi assassinado por ordem de um grupo de militares e de policiais rebelados contra o processo de abertura política iniciado pelo ex-presidente Ernesto Geisel. É o que afirma Cláudio Antônio Guerra, ex-delegado do DOPS (Departamento de Operações Políticas e Sociais) do Espírito Santo.
Em depoimento aos jornalistas Marcelo Netto e Rogério Medeiros, no livro “Memórias de uma guerra suja”, que acaba de ser editado pela Topbooks, Guerra conta ter participado da reunião em que foi decidida a morte de Fleury.
Ele próprio teria dado a ideia de fazer tudo parecer um acidente. Acabou sendo enviado para liquidar o colega. Mas, por problemas operacionais, a execução teria ficado para um grupo de militares do Cenimar, o Centro de Informações da Marinha.
No livro ao qual o iG teve acesso, o delegado confessa ter sido um dos principais encarregados pelo regime militar de matar adversários da ditadura entre os anos 70 e 80.
Guerra está sob proteção da Polícia federal. Tornou-se uma testemunha-chave às vésperas do início dos trabalhos da Comissão da Verdade, criada para apurar violações aos direitos humanos entre 1946 e 1988, período que inclui a ditadura militar (1964-1988).
Ele conta ter executado pessoalmente militantes de esquerda como Nestor Veras, do Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB), após uma sessão de tortura da qual afirma não ter participado:
“(Veras) tinha sido muito torturado e estava agonizando. Eu lhe dei o tiro de misericórdia, na verdade dois, um no peito e outro na cabeça. Estava preso na Delegacia de Furtos em Belo Horizonte. Após tirá-lo de lá, o levamos para uma mata e demos os tiros. Foi enterrado por nós.”
Além do assassinato de Veras, Guerra conta como matou, a mando de seus superiores, outros militantes contra o regime, como: Ronaldo Mouth Queiroz (estudante universitário e membro da Aliança Libertadora Nacional – ALN); Emanuel Bezerra Santos, Manoel Lisboa de Moura e Manoel Aleixo da Silva (os três, do Partido Comunista Revolucionário – PCR).
Queima de arquivo
“O delegado Fleury tinha de morrer. Foi uma decisão unânime de nossa comunidade, em São Paulo, numa votação feita em local público, o restaurante Baby Beef”, afirma Cláudio Guerra.
Além dele, segundo conta, estavam sentados à mesa e participaram da votação:
O coronel do Exército Ênio Pimentel da Silveira (conhecido como “Doutor Ney”); o coronel-aviador Juarez de Deus Gomes da Silva (Divisão de Segurança e Informações do Ministério da Justiça); o delegado da Polícia Civil de São Paulo Aparecido Laertes Calandra; o coronel de Exército Freddie Perdigão (Serviço Nacional de Informações); o comandante Antônio Vieira (Cenimar); e o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra (comandante do Departamento de Operações de Informações do 2º Exército – DOI-Codi), que abriu a reunião.
Fleury tinha se tornado um homem rico desviando dinheiro dos empresários que pagavam para sustentar as ações clandestinas do regime militar. Não obedecia mais a ninguém, agindo por conta própria. E exorbitava. (…) Nessa época, o hábito de cheirar cocaína também já fazia parte de sua vida. Cansei de ver.”
Guerra conta que chegou a fazer campana para a execução, mas o colega andava sempre cercado de muita gente. “Dias depois os planos mudaram, porque Fleury comprou uma lancha. Informaram-me que a minha ideia do acidente seria mantida, mas agora envolvendo essa sua nova aquisição – um ‘acidente’ com o barco facilitaria muito o planejamento.”
A história oficial é, de fato, que o delegado paulista morreu acidentalmente em Ilhabela, ao tombar da lancha. Mas Guerra afirma que Fleury na verdade foi dopado e levou uma pedrada na cabeça antes de cair no mar.
“Militantes de esquerda foram incinerados em usina de açúcar”
Delegado revela em livro que viraram cinzas os corpos de David Capistrano, Ana Rosa Kucinski e outros oito opositores da ditadura
Tales Faria, iG Brasília
 

Luciano Mendonça
Agora já sabemos em quem o Elias Maluco se inspirou para desaparecer com os corpos. Com a palavra os Bananas-de-pijamas do Clube Militar. Ou darão uma de Ministro da Justiça Armando Falcão: nada a declarar. Cadê o Jair Bolsonaro… Ninguém do PIG ou do CQC vai ouví-lo.
O blog do Moreno já havia dado a dica sob o título de Barbárie (
http://oglobo.globo.com/pais/moreno/posts/2012/04/28/nhenhenhem-442506.asp), mas o IG foi a fundo.

Marcos
Sou contra o revisionismo que alguns setores mais radicais querem fazer, mas sou totalmente a favor da divulgação do máximo de material sobre um dos períodos mais negros da história do Brasil. É tanta imundície escondida que (pasmem) muitos acreditam que não havia corrupção no regime militar. Sob a desculpa patética de “combate ao comunismo” os militares estabeleceram um regime violento, corrupto, repressivo e segregacionista, consolidando um sistema de exclusão social que o país levará décadas para reverter.
Esse país está mudando. Em outros tempos, mesmo nos períodos pós-ditadura, nunca se ouviria falar neste livro. Seria ignorado assim como foi pela grande imprensa. Hoje, se não está na lista dos mais vendidos da Veja ou não merece comentários do Élio Gaspari, sai no IG, Terra (que certamente têm muito mais leitores que a Veja) ou nos chamados “blogs sujos”.


Capa de "Memórias de uma guerra suja", da editora Topbooks (Foto: Divulgação)
Ele lançou bombas por todo o país e participou, em 1981 no Rio de Janeiro, do atentado contra o show do 1º de Maio no Pavilhão do Riocentro. Esteve envolvido no assassinato de aproximadamente uma centena de pessoas durante a ditadura militar. Trata-se de um delegado capixaba que herdou os subordinados do delegado paulista Sérgio Paranhos Fleury nas forças de resistência violenta à redemocratização do Brasil.
Apesar disso, o nome de Cláudio Guerra nunca esteve em listas de entidades de defesa dos direitos humanos. Mas com o lançamento do livro “Memórias de uma guerra suja”, que acaba de ser editado, esse ex-delegado do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) entrará para a história como um dos principais terroristas de direita que já existiu no País.
Mais do que esse novo personagem, o depoimento recolhido pelos jornalistas Marcelo Netto e Rogério Medeiros, ao longo dos últimos dois anos, traz revelações bombásticas sobre alguns dos acontecimentos mais marcantes das décadas de 70 e 80.
Revelações sobre o próprio caso do Riocentro; o assassinato do jornalista Alexandre Von Baumgarten, em 1982; a morte do delegado Fleury; a aproximação entre o crime organizado e setores militares na luta para manter a repressão; e dos nomes de alguns dos financiadores privados das ações do terrorismo de Estado que se estabeleceu naquele período.
A reportagem do iG teve acesso ao livro, editado pela Topbooks. O relato de Cláudio Guerra é impressionante. Tão detalhado e objetivo que tem tudo para se tornar um dos roteiros de trabalho da Comissão da verdade, criada para apurar violações aos direitos humanos entre 1946 e 1988, período que inclui a ditadura militar (1964-1988).
David Capistrano, Massena, Kucinski e outros incinerados
Cláudio Guerra conta, por exemplo, como incinerou os corpos de dez presos políticos numa usina de açúcar do norte Estado do Rio de Janeiro. Corpos que nunca mais serão encontrados – conforme ele testemunha – de militantes de esquerda que foram torturados barbaramente.
“Em determinado momento da guerra contra os adversários do regime passamos a discutir o que fazer com os corpos dos eliminados na luta clandestina. Estávamos no final de 1973. Precisávamos ter um plano. Embora a imprensa estivesse sob censura, havia resistência interna e no exterior contra os atos clandestinos, a tortura e as mortes.”
Os dez presos incinerados
João Batista e Joaquim Pires Cerveira, presos na Argentina pela equipe do delegado Fleury;
Ana Rosa Kucinsk e Wilson Silva, “a mulher apresentava marcas de mordidas pelo corpo, talvez por ter sido violentada sexualmente, e o jovem não tinha as unhas da mão direita”;
David Capistrano (“lhe haviam arrancado a mão direita”) , João Massena Mello, José Roman e Luiz Ignácio Maranhão Filho, dirigentes históricos do PCB;
Fernando Augusto Santa Cruz Oliveira e Eduardo Collier Filho, militantes da Ação Popular Marxista Leninista (APML).
O delegado lembrou do ex-vice-governador do Rio de Janeiro Heli Ribeiro, proprietário da usina de açúcar Cambahyba, localizada no município de Campos, a quem ele fornecia armas regularmente para combater os sem-terra da região. Heli Ribeiro, segundo conta, “faria o que fosse preciso para evitar que o comunismo tomasse o poder no Brasil”.
Cláudio Guerra revelou a amizade com o dono da usina para seus superiores: o coronel da cavalaria do Exército Freddie Perdigão Pereira, que trabalhava para o Serviço Nacional de Informações (SNI), e o comandante da Marinha Antônio Vieira, que atuava no Centro de Informações da Marinha (Cenimar).
Afirma que levou, então, os dois comandantes até a fazenda:
“O local foi aprovado. O forno da usina era enorme. Ideal para transformar em cinzas qualquer vestígio humano.”
A usina passou, em contrapartida, a receber benefícios dos militares pelos bons serviços prestados. Era um período de dificuldade econômica e os usineiros da região estavam pendurados em dívidas. Mas o pessoal da Cambahyba, não. Eles tinham acesso fácil a financiamentos e outros benefícios que o Estado poderia prestar.”
ALGUNS COMENTÁRIOS:
Antonio Passos
Estou escandalizado, como todos eu creio, e acho que isto está surgindo na hora certa, a da Comissão da Verdade. Mais até do que punir, até porque muitos já morreram, a verdade TEM que ser exibida agora, especialmente para certos tipos de brasileiros sem educação política, que ainda dizem sandices em defesa deste período horroroso de nossa história.
Mais do que tudo, é preciso ENTERRAR os anos da ditadura no LIXÃO da história que ela merece.
Entretanto, acho que não é esta a notícia da década, mas sim a CPI DO PIG. Desmascarar o PIG será livrar o Brasil de TRAÍRAS que ameaçam nosso futuro.