"Não há nada escondido que não venha a ser revelado, nem oculto que não venha a se tornar conhecido". Lucas, 8:17,12:2 em Mateus10:26

"Corra o juízo como as águas; e a justiça, como ribeiro perene". Amós (570-550 a.c.)

"Ninguém pode ser perfeitamente livre até que todos o sejam".

Santo Agostinho

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Políticos são os maiores latifundiários do Brasil, diz livro

Para escrever "Partido da Terra: Como os Políticos Conquistam o Território Brasileiro", o jornalista Alceu Luís Castilho dedicou três anos à pesquisa de aproximadamente 13 mil declarações de bens de políticos eleitos entregues ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A investigação concluiu que os donos do poder são também os grandes proprietários de terra.


O número comprovado desses bens --que pode ser maior que o declarado-- coloca 2 milhões de hectares nas mãos de políticos em mandatos municipais, estaduais e federais. A informação passada ao TSE designa-se apenas ao valor do terreno, não à sua área total. Por isso, segundo o autor, o montante pode ultrapassar 4 milhões de hectares, território pertencente a um grupo de 13 mil pessoas.

Mesmo entre esses latifundiários --alguns dignos de uma capitania hereditária--, existe uma distribuição desigual: 31 políticos possuem 20 mil hectares. Alguns são acusados de usar trabalho escravo e/ou de serem responsáveis por desmatamento.

Essa elite é afiliada a diferentes partidos políticos e de todo o país. Porém, PMDB, PSDB e PR são os que lideram o ranking. "Alguém se surpreenderá que os filhos da Arena possuem menos terras que os filhos do MDB?", questiona Castilho sobre o crescimento da "esquerda latifundiária".

Entre os políticos eleitos no último pleito, os senadores são os maiores proprietários rurais do país. "A média de hectares por senador impressiona; são quase mil hectares (973) para cada um. Precisaríamos de vários planetas para que cada brasileiro possuísse a mesma quantidade de terras", explica.

No quesito desigualdade em concentração de terra na América do Sul, o Brasil só perde para o Paraguai.

Formado pela USP (Universidade de São Paulo), Alceu Luís Castilho já recebeu os prêmios Fiat Allis de jornalismo econômico, Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, Direitos Humanos e Jornalismo e o Prêmio Andifes.

"Partido da Terra: Como os Políticos Conquistam o Território Brasileiro"
Autor: Alceu Luis Castilho
Editora: Contexto
Páginas: 240
Quanto: R$ 24,90 (preço promocional*)
Onde comprar: pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha

http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/1137228-politicos-sao-os-maiores-latifundiarios-do-brasil-diz-livro.shtml

sábado, 27 de outubro de 2012

Eu tenho medo do PT. Medo de Lula e do PT!

Medo de Lula e do PT, manifestado por atriz em xororô de dez anos atrás no programa eleitoral de José Serra, volta na eleição para prefeito de São Paulo; acomete, agora, marmanjos calejados (fotos acima); nenhuma das paúras confessadas pela atriz se mostrou justificada, mas a doença que tem em Reinaldo Azevedo o paciente zero parece não ter cura; também é chamada de preconceito de classe
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20 DE OUTUBRO DE 2012

247 – O relógio político dos serristas voltou no tempo para dez anos atrás, a 2002. Naquele quadrante, às vésperas da derrota na eleição presidencial para Luiz Inácio Lula da Silva, a atriz Regina Duarte, com sua melhor expressão de chororô, foi ao programa do então adversário lulista José Serra para pronunciar uma frase que marcou época:

- Eu tenho medo do PT. Medo de Lula e do PT!

Seria a barba do ex-líder sindical que provocava a alegada paúra na antiga 'namoradinha do Brasil'? A voz gutural? As bandeiras vermelhas do partido que ele fundou? O apoio do MST? As promessas de palanque ao feitio da esquerda? Ou o explicitado compromisso de reduzir a pobreza e possibilitar três refeições ao dia ao povo brasileiro?

Era o conjunto todo, deixou claro Regina, além do receio de que Lula iria fazer a moratória da dívida externa, romper contratos, solapar todas as bases da democracia brasileira. A expectativa do caos completo.

Lula venceu e nenhum dos medos de Regina Duarte se justificou. A partir do governo Lula, não apenas a dívida externa foi paga como, hoje, as reservas internacionais do Brasil estão em cerca de US$ 400 bilhões, o que evitou novos ataques especulativos contra o País, como acontecia no tempo do antecessor dele, Fernando Henrique Cardoso. Ao contrário de FHC, Lula não mudou as regras do jogo democrático (como se recorda, o presidente tucano operou o Congresso pelo estabelecimento da reeleição, que até então não existia, e se beneficiou diretamente da manobra). Ainda que tivesse tirado um foto com o bonzezinho do MST, não consta que Lula tenha armado os trabalhadores do campo ou feito na marra qualquer tipo de reforma agrária. O que se tem, nesse setor, é o sucesso do programa Fome Zero, a partir do qual se pode constatar, agora, a retirada de cerca de 40 milhões de brasileiros do estado de pobreza.

Nenhum dos tantos medos de Regina Duarte se mostrou real. No entanto, passados dez anos daquele apelo entristecido e quase desesperado, eis que eles – os medos da Regina – ressurgem em homens barbados. E nem está em jogo uma eleição presidencial, como daquela feita, mas um pleito municipal, que nem envolve Lula diretamente, mas um de seus pupilos, o ex-ministro da Educação Fernando Haddad. Um medo, portanto, ainda mais forte, visto que o perigo é menor.

Quadro típico da classe média paulistana, frequentador do insuspeito Clube Sírio-Libanês, filho de comerciante na reconhecida rua 25 de Março, sem passagem por movimentos que praticaram ou sequer pregararam a luta armada ou ações do gênero, o pacato Haddad virou alvo da síndrome de Regina Duarte que acomete, outra vez às vésperas de uma derrota de Serra – ao que apontam as pesquisas e as condições políticas que cercam a eleição paulistana -- marmanjos calejados como o jornalista Ricardo Setti, o empresário Octávio Frias Filho, o filho do sociólogo Boris Fausto, o comunicador de apelo religioso Silas Malafaia e até o destemido (com arma na mão, como diria Bezerra da Silva) coronel Telhada, ex-comandante da Rota.

Acometidos do mesmo mal estão o vereador eleito Andrea Matarazzo e aquele que pode ser chamado de paciente número zero desse vírus, o verborrágico internauta Reinaldo Azevedo.

Ai, ui, sapatilham eles, cada um ao seu modo, argüindo, ora publicamente, ora em privado, que Haddad representará o fortalecimento político de Lula – aquele mesmo Lula que, projeta-se, vai solapar a democracia, inverter as prioridades burguesas, revirar a sociedade brasileira etc etc.

Ponto a ponto, os medos foram claramente elencados pelo Prêmio Esso de Jornalismo Ricardo Setti em seu blog dentro de veja.com.br

Para os homenzarrões acometidos da síndrome de Regina Duarte parece, ao que se vê pelo que eles próprios têm expressado, não haver vacina nem remédio. Lula exerceu duas vezes a Presidência da República, à qual chegou pelo voto popular, manteve as regras do jogo e viu sua candidata Dilma Rousseff, com cerca de dez milhões de votos a mais que o adversário José 'sempre ele' Serra, subir a rampa do Palácio do Planalto. De-mo-cra-ti-ca-men-te, frise-se. Não quebrou contratos, não rompeu com os Estados Unidos, não declarou o socialismo tropical. Foi, isso sim, apontado pelo maior historiador do século 20, Eric Hobsbawn, como o líder global mais importante do final do período e tornou-se referência de expressão política democrática em todo mundo.

Serra, vale dizer, rompeu todos os contratos vigentes assim que assumiu a Prefeitura de São Paulo, em 2005, abandonou o mandato menos de dois anos depois e, ao chegar ao governo de São Paulo, igualmente suspendeu todos os pagamentos que deveriam ser feitos no mês de janeiro de 2007 – sucedendo, nesta ocasião, não a petista Marta Suplicy, mas seu próprio correligionário Geraldo Alckmin.

Mas quem tem a Sídrome de La Duarte acha que é Haddad, e não Serra, que vai subrverter a ordem, fazer o contrário do que promete em palaque, recusar responder perguntas, agredir jornalistas verbalmente, usar o cargo para finalidades políticas pessoais.

Essa doença, que volta dez anos depois do primeiro surto, não passa e nunca vai passar. Seu nome científico é preconceito de classe.

FARSA CONTRA LULA?

DIRETOR DE VEJA REVELA "ACORDO" COM VALÉRIO E FARSA CONTRA LULA

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Em entrevista ao Globo, Eurípedes Alcântara, que comanda a publicação de Roberto Civita, disse ter feito acordo com Marcos Valério e que, por isso, não apresentou as provas da “entrevista” que o empresário teria concedido à revista, afirmando que Lula seria o “chefe do mensalão” denunciado por Roberto Gurgel.

Neste sábado, o jornalista Eurípedes Alcântara, diretor de Veja, pela primeira vez falou abertamente sobre o tema, em entrevista ao jornal O Globo. E o conteúdo é estarrecedor. Eurípedes disse que Veja fez um acordo com Marcos Valério, que acaba de ser condenado a mais de 40 anos de prisão. E que por isso não apresenta suas evidências – que já não são mais gravadas ou filmadas.

“Temos as provas necessárias para demonstrar que as afirmações são o que no STF se chamaria de ´verbis´, ou seja, transcrições ao pé da letra do que ele disse. Marcos Valério decide se as provas serão divulgadas, apenas porque nossa combinação com ele foi a de que se ele desmentisse a reportagem estaria quebrando o que foi acordado e, assim, ficaríamos dispensados de cumprir nossa parte”, disse Eurípedes, por email, ao Globo.

E inacreditável, mas Eurípedes tenta convencer o Brasil do seguinte: por uma questão de honra, um acordo no fio do bigode com Valério (condenado a 40 anos de prisão), Veja não irá apresentar as provas que diz ter contra Lula – um personagem a quem a revistou já deu provas continuadas do seu apreço.

Ver mais aqui

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

JANIO DE FREITAS APONTA DESPREPARO DE JOAQUIM BARBOSA

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Segundo o colunista, suas decisões são tomadas com “bem mais do que saberes jurídicos e reflexões”. Afora isso, ele aponta ainda a má conduta permanente diante dos colegas, como ocorreu ontem com Ricardo Lewandowski

25 DE OUTUBRO DE 2012

247 – Joaquim Barbosa não tem preparo suficiente para ser ministro do Supremo Tribunal Federal e muito menos para presidir a corte. É o que se depreende da coluna desta quinta-feira de Janio de Freitas. Leia:

Para rir ou chorar

Um juiz não pode querer condenar nem absolver, tem de procurar fazê-lo à margem de sua vontade.

QUEM VIU a sessão de ontem do Supremo Tribunal Federal, ou alguma das anteriores com o mesmo nível de ética e de civilidade, pode compreender que o ministro Joaquim Barbosa assim opinasse sobre o artigo do "New York Times" que qualificou de risível a Justiça brasileira:

"Eu apenas me referi a um artigo com o qual concordo".

Mas compreender tal concordância do "novo herói nacional" não leva a compreender uma questão mais simples: por que o ministro Joaquim Barbosa permanece como componente dessa "Justiça risível", e no ponto culminante dela, se poderia desligar-se ao perceber seu caráter ou nem aceitar compô-la?

A resposta esperta seria a da permanência para lutar por melhorá-la. Resposta desgastada, é verdade, desde que certa corrente do comunismo não desperdiçava boas situações, com a alegação de que "a luta por dentro" era mais eficaz. Não só para o objetivo comunista, claro.

O artigo citado por Joaquim Barbosa ocupou-se das sessões de julgamento do mensalão. Nas quais o ministro é protagonista de cenas inspiradoras do comentário publicado. A própria referência ao artigo veio em mais um acesso de inconformismo de Joaquim Barbosa com a discordância, por sinal vitoriosa, de outros ministros à sua posição (esta, seguida pela linha-dura: Luiz Fux, Marco Aurélio e Ayres Britto).

Há pouco, houve críticas a um comentário cético do ministro Marco Aurélio sobre a próxima presidência do Supremo por Joaquim Barbosa. A preocupação se justifica, no entanto.

Os poderes maiores da presidência sempre implicam o risco de excesso incompatível com o tribunal. Se a discordância basta a Joaquim Barbosa para investir de modo insultuoso e atropelador, agora que suas condições hierárquicas têm as limitações de poder comuns a todo o plenário, não há dúvida de que o risco da futura presidência estará bastante aumentado.

Ainda ontem, quando discutida a proposta de condenação em que foi derrotado, Joaquim Barbosa voltou a uma afirmação intrigante lançada anteontem a respeito do ministro Ricardo Lewandowski: "O revisor barateia muito o crime de corrupção". Nas circunstâncias, não era uma constatação. A não ser a respeito do autor da frase e da atitude que expõe.

Cá fora, a descarga de raiva e a consequente ânsia de condenações, tão terríveis quanto possível, são partes das atitudes comuns. Mas um juiz não pode querer condenar nem absolver. Tem de procurar fazê-lo à margem de sua vontade.

O ministro Joaquim Barbosa, porém, em geral transmite a impressão -não de agora- de formular suas decisões com bem mais do que saberes jurídicos e reflexões.

CRIAÇÕES

Mais uma vez: "...o mensalão, idealizado pelo ex-ministro da Casa Civil José Dirceu" (em "Valério cumprirá pena em regime fechado, decide STF", pág. A4 de ontem). Com três meses do julgamento no Supremo, o mensalão continua a receber essa origem, com frequência, em jornais, TVs e rádios.

E José Dirceu, para ser criador do mensalão, só pode ser imaginado no PSDB em 1998, com Marcos Valério, na tentativa fracassada de eleger o peessedebista Eduardo Azeredo para o governo de Minas.

Como é que isso ainda acontece? Eu é que não vou dar meu palpite.

http://www.brasil247.com/pt/247/brasilia247/83863/Janio-de-Freitas-aponta-despreparo-de-Joaquim-Barbosa.htm


segunda-feira, 22 de outubro de 2012

JANIO DE FREITAS VÊ SERRA COMO CABO ELEITORAL DE HADDAD


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Segundo o colunista da Folha, candidato tucano cumpre o papel de puxar votos para seus adversários

21 DE OUTUBRO DE 2012
247 – Na campanha eleitoral de 2012, José Serra foi o melhor cabo eleitoral de Fernando Haddad. Quem argumenta é Janio de Freitas, colunista da Folha de S. Paulo. Leia:

Daqui para a sucessão

Serra mostrou-se, mais uma vez, nas palavras do jargão, grande puxador de votos para o adversário

A provável vitória de Fernando Haddad, prenunciada na dianteira de 20% sobre José Serra nos votos válidos, tem vigor bastante para zerar as preocupações do PT com as possíveis e temidas repercussões, sobre o futuro petista, de condenações feitas pelo Supremo Tribunal Federal. As recentes e sigilosas reuniões de Lula com Dilma Rousseff e alguns petistas confirmam os temores e sua intensidade.

As preocupações justificavam-se já pela temeridade da escolha pessoal feita por Lula, impondo um candidato sem experiência eleitoral e pouco conhecido no eleitorado. Condições agravadas pela doença que minimizou a participação de Lula na campanha, pela agenda dada ao mensalão no STF e pela tradicional posição de grande parte dos meios de comunicação. Mas, na hora do enfrentamento, é inegável que muito desses agravantes foi compensado pelo adversário.

José Serra é o homem que não aprende. Mostrou-se, mais uma vez, nas palavras do jargão, grande puxador de votos para o adversário. Com débito grande no eleitorado, pelo abandono da prefeitura e, ainda por cima, para o reprovado Gilberto Kassab, foi incapaz de reduzi-lo. Foi incapaz da criação de alguma ideia sedutora, de um argumento qualquer que remendasse sua imagem. Preferiu ser apenas o agressor descontrolado de sempre. Deu, porém, uma oportunidade ao eleitorado: a de dobrar-lhe a elevada rejeição e com isso desmentir que os eleitores esquecem tudo e depressa.

A propósito, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, em alta hospitalar por diabetes e problemas renais, afirmou que "o mensalão não foi bandeira de campanha do PSDB". Fica a suspeita: ou trataram a crise errada ou deixaram efeitos colaterais esquisitos.

Agora quem fará reuniões de temor e preocupação é o PSDB. Necessárias a Aécio Neves, porque a provável derrota de Serra não o beneficia, como muitos têm dito e escrito. A vitória fortaleceria o partido como a derrota o descredencia, no eleitorado e entre as forças políticas. O jogo sucessório acelera-se a partir de agora. Com José Serra no partido que fez Kassab criar para uma eventualidade? É melhor não duvidar.

NA REALIDADE

Para não faltar com o mensalão. As ministras Rosa Weber e Cármen Lúcia, seguidas pelo revisor Ricardo Lewandowski, recusaram a acusação de "quadrilha" no mensalão, entre outras razões porque, no Código Penal, configura-se como "crime contra a paz pública". Dois professores da Fundação Getulio Vargas/Rio propõem indagações a respeito, em artigo no "Globo": "Onde e como essa paz começaria a ser ameaçada? Pelo tamanho da quadrilha? Pela violência dos crimes?"

Às obscuridades muitos sugestivas para alguns ministros do STF, opõe-se a simples realidade leiga: a paz social é ameaçada quando o grupo tem a posse de armas, visa apropriar-se de bem alheio privado ou público, ou põe em risco a vida, a integridade física ou a propriedade de outrem.

E ainda há mais características exigidas para a definição de quadrilha. Se não para todos os doutores do Direito, por certo para as leis e a realidade. Mas tudo depende de querer julgamentos isentos.

http://www.brasil247.com/pt/247/poder/83573/Janio-de-Freitas-v%C3%AA-Serra-como-cabo-eleitoral-de-Haddad.htm

sábado, 20 de outubro de 2012

Serra chama Kennedy Alencar de mentiroso durante entrevista à CBN

Redação Comunique-se


Candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra foi entrevistado pela CBN durante 50 minutos na manhã desta terça-feira, 16. O tucano respondeu a perguntas dos apresentadores Fabíola Cidral e Milton Jung e do comentarista Gilberto Dimenstein. Outro contratado da emissora, o analista político Kennedy Alencar também participou e foi chamado de mentiroso ao afirmar que a cartilha contra homofobia organizada pelo Estado de São Paulo tem semelhanças com o chamado “kit gay” produzido pelo Ministério da Educação durante a gestão de Fernando Haddad.

Serra, ao ouvir o jornalista, perguntou se ele leu a íntegra da cartilha estadual “contra o preconceito” e pediu para o entrevistador falar a verdade. Alencar ressaltou que leu todo o material e que, inclusive, o tema resultou em matéria publicada na Folha de S. Paulo. Porém, o candidato a prefeito demonstrou não acreditar na afirmação. “Você leu a cartilha do Estado? Leu inteira? Fale a verdade, Kennedy. Não leu”, afirmou o tucano, que prosseguiu. “De duas uma: se você viu [a cartilha], está mentindo. Se não viu, eu aceito. O que você está falando é mentira”.

O tucano ainda pediu para o jornalista ser educado e ouvir o que estava falando. Depois de afirmar que Alencar estava mentindo referente à cartilha “contra a intolerância de comportamento sexual” do governo estadual enviada a professores da rede pública – criada em 2009, época em que o candidato à prefeitura era o governador -, Serra afirmou que sabe as preferências políticas do entrevistado, mas que era para ele se “controlar” e que a CBN não era espaço para a realização de campanha eleitoral. Sobre a pergunta, o integrante do PSDB argumentou que o assunto é pauta petista e que, infelizmente, é “pescado” por parte da imprensa.

Pergunta de Dimenstein

Ter assinado um documento em 2004, comprometendo-se a cumprir o mandato de prefeito durante quatro anos caso fosse eleito, e foi, Serra afirmou que o tema também virou pauta petista e que não vai assinar outro documento porque o assunto virou “palhaçada” e material para os concorrentes. A questão foi levantada por Gilberto Dimenstein, jornalista responsável por entregar o papel em que o tucano afirmou que não deixaria a prefeitura; feito ocorrido durante evento da Folha de S. Paulo. Dois anos depois, entretanto, deixou o mandato para se candidatar, e vencer, a disputa a governador.

http://portal.comunique-se.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=69991:serra-chama-kennedy-alencar-de-mentiroso-durante-entrevista-a-cbn&catid=28:carreira&Itemid=20

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

DESESPERADO, REINALDO DIZ AGORA QUE KIT GAY É OBRA PETISTA

Um dos responsáveis diretos pela rejeição a José Serra, o blogueiro Reinaldo Azevedo agora afirma que foi o PT quem inventou essa história de kit-gay, Silas Malafaia etc
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19 DE OUTUBRO DE 2012
247 – O Datafolha aponta: rejeição a José Serra atingiu níveis recordes e bateu em 52%. Parte dessa rejeição deve-se às companhias de Serra. Entre elas, a de Reinaldo Azevedo. Há quem não vote em Serra simplesmente porque Reinaldo, mestre-sala do estilo neocon da imprensa brasileira, vota.

Reinaldo não apenas vota em Serra, como também distorce a realidade. Nesta sexta-feira, ele afirma que foi o PT quem incluiu a temática do kit-gay na eleição paulistana. No domingo passado, Serra concedeu entrevistas a dois jornais, Folha e Estado (leia aqui), abordando o tema. Reinaldo, por sua vez, promoveu como ninguém os vídeos supostamente geniais de Silas Malafaia (leia aqui). Deu no que deu.

E agora, na linha “toma que o filho é teu”, Reinaldo tenta sair de fininho, dizendo que não tem nada a ver com o kit-gay. Leia:

O kit gay fantasma! O grande eleitorado, até agora, não sabe que história é essa! Nem a TV nem a campanha eleitoral lhe contaram nada a respeito. Ou: A grande canalhice!

Escrevi ontem um post demonstrando, com fatos, por A mais B, que são os petistas a demonstrar, desde o começo do ano, uma verdadeira obsessão com o tal kit gay, não o tucano José Serra. O candidato do PSDB, por incrível que pareça, não tocava e não toca no assunto, a não ser quando indagado. Não obstante, desde março, há a grita na imprensa: “Não falem disso!” A questão ganhou maior temperatura quando o pastor Silas Malafaia se pronunciou sobre o tema — fazendo críticas também, note-se, ao material preparado pela Secretaria de Educação de São Paulo, que não é kit coisa nenhuma! Ele fez a devida distinção e disse por que, na sua opinião, o kit de Haddad é mais perverso. Há uma grande diferença entre enviar um livro com orientações a professores e enviar kits a alunos a partir de 11 anos. Mas volto ao ponto.

Serra não tocou no assunto, reitero. Quando indagado sobre o material produzido por Haddad, praticamente repetiu opiniões expressas pela presidente Dilma Rousseff, que vetou os kits. Não obstante, setores consideráveis da imprensa, especialmente alguns assessores informais do petismo — não sei a extensão dessa “informalidade” —, o acusam de, como é mesmo, “conservadorismo” e “obscurantismo”. Dilma, então, não era? Ainda que fosse verdade, escandaloso é que se considere o conservadorismo um crime de opinião.

É absurda a baixa qualidade do debate político! Ocorre que isso também é falso. Malafaia falou, sim, sobre o kit e deu apoio a Serra, mas o PSDB passou longe desse debate. O candidato se limitou, insisto, a afirmar que não cabe ao governo fazer proselitismo a favor de determinadas práticas sexuais. O vídeo preparado por Haddad afirma, com todas as letras e sons, que ser bissexual é superior a ser heterossexual.

Tanto o PSDB não levou o tema à campanha que a população não está sabendo dessa história, não! O tema não chegou ao povão. Já fiz o teste com, como direi?, as minhas bases populares. Nada! Ninguém sabe! Aliás, se eu pudesse apontar um erro na campanha tucana, diria que está justamente em não ter mostrado aos eleitores o que Haddad pretendia levar às escolas, a seus filhos, irmãos, sobrinhos, netos. Se os tucanos tivessem usado o filme no horário eleitoral (como o jornalista Marcelo Coelho, pró-PT, da Folha, sugeriu que o próprio Haddad fizesse), aí, sim, se poderia falar que a campanha de Serra, então, resolveu tratar do tema. Mas nada! Nas entrevistas que o tucano concede, se a questão não é proposta por jornalistas, ele passa ao largo. Ontem, no debate da Band, nem se tocou no assunto.

Monotema

Não obstante, isso virou uma espécie de monotema da campanha quando Serra é entrevitado. O mais espantoso, o estupefaciente mesmo!, é que o tucano, QUE NÃO FEZ O KIT, é indagado a respeito, e Haddad, QUE O FEZ, é poupado da pergunta. Por quê? Para quê? Porque essa é uma agenda de um setor da sociedade, justamente daqueles mais empenhados em passar seus valores goela abaixo da população, na base do grito e do abafa. E assim se faz para tentar demonizar um candidato e endeusar outro.

O fato é que, até agora, o kit gay é um verdadeiro kit fantasma! Fala-se dele — fazendo-se sempre a cobrança a Serra —, escondendo-o. Os jornais, lidos por uma parcela ínfima da população, fazem resumos distorcidos do conteúdo, mas sempre com o aporte teórico de sedizentes especialistas, que o endossam. Ontem, na Folha Online, uma certa professora de psicologia da PUC-SP defendeu o material e disse que certos tabus merecem mesmo tratamento de choque. Psicologia do choque!!! Estamos feitos…

Mesma estratégia

O PT, em associação com suas franjas na imprensa, repete, assim, a mesma estratégia de 2010. Na disputa presidencial, as opiniões de Dilma sobre o aborto — ela defendia a legalização — foram tratadas como “acusações de Serra”, que não havia tocado no assunto. ELA NUNCA FOI CONFRONTADA COM AS PRÓPRIAS OPINIÕES, MAS SEU OPONENTE ERA OBRIGADO A FALAR SOBRE UM SUPOSTO FUNDAMENTALISMO RELIGIOSO. Agora, a mesma prática: para que Haddad possa ser preservado da própria obra e para que o tema jamais chegue ao povão — como não chegou! —, faz-se gritaria: “Conservador! Reacionário!” Quem? Cadê o kit gay na campanha eleitoral?

Atenção! O PT tem todo o direito de elaborar as suas estratégias — isso é do jogo. A associação com o jornalismo “isento”, que passa a fazer assessoria de imprensa para o petismo, é que é o fim da picada.

Finalmente

Finalmente, aqui e ali leio a opinião de alguns bananas, a afirmar que Serra faz muito mal — aí, sim, foi ele mesmo! — em tocar em temas como mensalão ou a gestão de Haddad no MEC. Huuummm… Não dá para levar isso a sério. Para perder ou para ganhar, disputas eleitorais têm de tratar de questões políticas. E a crítica tem de ser feita! Ou alguém vai tentar provar que o petista Haddad foi apenas propositivo nessa disputa?

A verdade insofismável é a seguinte: amplos setores da imprensa paulistana fazem a campanha de Haddad desde que, na base do dedaço, Lula o fez candidato — e apontei isso aqui precocemente. Afinal — colhia-se nos bastidores — a cidade estaria a precisar do “novo”. O “novo”, no caso, é um nome indicado por um coronel da política, que traz consigo as forças que governaram a cidade por 16 dos últimos 24 anos!

Por Reinaldo Azevedo

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

MALAFAIA E OS MÉTODOS POLÍTICOS DE SERRA

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14 DE OUTUBRO DE 2012

247 - Acaba de ser desmascarada uma operação política rasteira, que revela os métodos de ação do tucano José Serra. Uma foto que mostra a tela do iPad do próprio candidato contém uma mensagem de sua assessoria, informando que o pastor Silas Malafaia não ficaria incomodado se Serra tentasse se desvincular do vídeo em que o evangélico ataca duramente Fernando Haddad pelo chamado kit-gay.

Logo depois da divulgação do vídeo, Haddad afirmou que Serra recorreria "às trevas" para vencer a eleição em São Paulo, enquanto o tucano afirmou que Malafaia apenas ofereceu seu apoio e ele aceitou. Do vídeo, que repercutiu mal até entre tucanos, Serra tentou se distanciar, mas a mensagem mostra o contrário. Serra e Malafaia fazem parte da mesma operação política.

Uma operação que começou a ser desenhada há vários meses. Em junho deste ano, Malafaia concedeu uma entrevista às páginas amarelas de Veja em que, com ar de bom moço, dizia: "O Brasil não é homofóbico". Nela, afirmava apenas ser contra os "ativistas gays", que tentam impor sua agenda à sociedade.

À época, a entrevista foi repercutida por Reinaldo Azevedo, ponta de lança da campanha serrista, assim como o vídeo desta semana. Ontem, no Twitter, Malafaia elogiou o "brilhante" Azevedo. Enquanto isso, Serra fingia não ter qualquer vínculo com a baixaria, por mais óbvia que fosse a conexão. Afinal, quando se juntam Veja, Malafaia e Reinaldo, a única certeza é: Serra estava presente.

Esta não é a primeira vez que Malafaia sai em defesa de Serra. Em 2010, o pastor também fez campanha para o tucano, que disputava à presidência com a então candidato do PT, Dilma Rousseff. Na época, o líder evangélico dizia que era contra Dilma por causa de sua posição sobre o aborto.

Malafaia disse ao jornal Folha de S.Paulo que iria "arrebentar" com Haddad nas eleições. "O Haddad já está marcado pelos evangélicos como o candidato do 'kit gay'. Não vamos dar moleza para ele. Haddad pode até ganhar, mas não com os votos dos evangélicos", atacou, depois de declarar apoio a Serra.

http://www.brasil247.com/pt/247/sp247/82994/Caso-Malafaia-desnuda-m%C3%A9todo-pol%C3%ADtico-de-Serra.htm

domingo, 14 de outubro de 2012

Meu amigo Zé

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FLÁVIO TAVARES

Tempos atrás, na prisão da ditadura, o carcereiro o chamava de "Cabeleira" e, hoje, outra vez ele está de cabelos longos, como se voltasse ao passado. Conheço José Dirceu há 43 anos e, nele, admiro e valorizo a coragem pessoal. A amizade começou naquele 6 de setembro de 1969 em que, sob a mira de metralhadoras, nos algemaram na Base Aérea do Galeão. Saíamos da prisão (ele em São Paulo, eu no Rio) e nos levaram à pista para uma foto que percorreu o mundo: os presos políticos trocados pelo embaixador dos Estados Unidos junto ao avião, rumo ao exílio no México. Era proibido falar, mas nos segundos em que mandaram que eu me agachasse, sussurrei: "Vamos mostrar as algemas!"

E ali está ele na foto, altivo, mãos ao peito, com as algemas que a maioria escondia, mostrando que preso político não é um criminoso envergonhado do que fez, mas um dissidente que desafia quem oprime. Foi a primeira e única vez na vida que Zé Dirceu me obedeceu...

A intimidade do exílio nos aproximou. Um canal de TV convidou-me a dublar telenovelas mexicanas em português e levei junto Zé Dirceu. Eu dublava e coordenava o grupo e o designei "primeiro ator". Dias depois, porém, ele e os demais viajaram para Cuba. Só eu permaneci no México e, assim, nem sequer nossas vozes retornaram ao Brasil, para onde não podíamos voltar.

Ele, porém, desafiou a proibição. A morte era a pena imposta ao retorno dos desterrados, mas Zé voltou, clandestino, em 1972, na euforia e terror do general Medici. Treinado em guerrilha, queria aliar-se aos que combatiam a ditadura, mas na chegada a São Paulo viu que a repressão dizimava seu grupo e ele seria a próxima vítima. Homiziou-se no oeste do Paraná e mudou de nome. Passou a ser Carlos Henrique, pacato comerciante de secos e molhados num recôndito município. Lá, casou-se e foi pai sem revelar quem era nem sequer à mulher e ao filho. A verdade significaria a morte e ele passou a ser outro.

Já não era quem era. Sacrificava a identidade para não ser sacrificado. No exílio, dizia-se que morrera como outros do "grupo Primavera", nome do lugar de treinamento em Cuba. Com a anistia do final de 1979, voltou a ser o Zé. Laborioso e hábil, presidiu o PT e o tirou do atoleiro de seita fechada ou partido sindical. Mas, ao se abrir à sociedade, o PT assimilou os velhos vícios políticos, como vírus pelas veias.

Quando Lula presidente, eram de Zé Dirceu os planos e atos de governo. Lula presidia, Zé governava. Irmãos siameses, um era a extensão do outro. A simpatia ficava com Lula, as antipatias com Zé. Pródigo em metáforas esportivas, o presidente o chamava de "capitão do time". Mas Zé era dos poucos que não jogava bola com Lula em fins de semana na Granja do Torto. Trabalhava noutras jogadas com outras bolas. Assim, o governo obteve maioria no Congresso e, hoje, se sabe a que preço e como - subornando o PMDB, o PTB, o PP de Maluf e o PL, que hoje é PR.

Em 2005, no topo do escândalo, sabe-se que Lula pensou em renunciar para "não ser um novo Collor". Outra vez a coragem de Zé Dirceu brotou como água no deserto e ele é que renunciou. Com o gesto, assumiu as responsabilidades e blindou Lula em pleno tiroteio. "Eu não sabia de nada, fui traído", dizia Lula, admitindo o suborno quando ainda se desconheciam os detalhes. Preferia passar por tolo do que por chefe do governo.

Agora, as 40 mil folhas do processo no Supremo Tribunal mostram o "mensalão" como um elaborado esquema de corrupção e suborno montado a partir "da alta cúpula do governo". Mas, o mais alto da "alta cúpula" não é réu. A não ser que o presidente fosse alienado absoluto ou pateta total, como explicar que um simples diretor de marketing do Banco do Brasil desviasse R$ 28 milhões do fundo Visanet sem autorização superior? A diretoria do banco nada percebeu? E a inspeção do Banco Central?

Não há suborno sem subornáveis e a degradação dos partidos gerou tudo. A "partidocracia" se sobrepôs à democracia. Roberto Jefferson fez a denúncia por sentir-se "lesado" ao receber só uma das cinco parcelas de R$ 4 milhões prometidas ao PTB... Com partidos transformados em balcões de negócios, o astucioso "mensalão" quebrou a oposição criando uma "base alugada" como base aliada.

A degradação chegou ao próprio PT. Numa das vezes em que estive com Zé Dirceu, após a cassação, ele me mostrou como a Polícia Federal invadira seu escritório em busca de documentos. Tarso Genro era ministro da Justiça e na disputa interna todos queriam comprometer Dirceu para tornar-se "o favorito do rei".

E as provas da fraude? Na engrenagem clandestina, oculta-se tudo. Ou alguém pensa que os corrompidos assinam recibo? Ou que João Paulo Cunha e os demais de São Paulo emitiram "nota paulista" pelo que abocanharam?

Nos delitos de alto nível, os indícios constroem a prova. Os Bancos do Brasil, Rural e BMG geraram as milionárias movimentações do esquema e daí surge tudo. Não foi sequer como no tempo de Fernando Henrique, quando a tão comentada compra de votos que permitiu a reeleição de presidente, governador e prefeito, surgiu numa manobra rápida, até hoje sem autor plenamente identificado.

Na tragédia, o terrível é que a determinação de Zé Dirceu o tenha levado ao topo de tudo, como bode expiatório da degradação maior. Mas nem seu passado de coragem pode livrá-lo da parcela de culpa. O passado não está em julgamento nem serve de escudo ao presente.

FLÁVIO TAVARES É JORNALISTA, ESCRITOR E FOI UM DOS 15 PRESOS POLÍTICOS TROCADOS PELO EMBAIXADOR DOS EUA EM 1969 - O Estado de S.Paulo


 

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Elitismo transparente no artigo de FHC

zé dirceu - um espaço para discussão no brasil

Publicado em 08-Out-2012

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a principal liderança nacional sem mandato na oposição, continua ativíssimo, o que é ótimo, na sustentação do grande debate político nacional. Além de entrevistas, palestras, seminários etc., quase diários, ele ressurge a cada 15 dias com seu artigo nos grandes jornalões, O Globo e O Estado de S.Paulo.

É o caso deste fim de semana em que ele fala que o Brasil montou o arcabouço, já tem as instituições democráticas, mas falta espírito e exercício de cidadania democrática por parte da população. O ex-presidente FHC dá alvíssaras ao julgamento da AP 470 em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF), mesmo reconhecendo que esse julgamento "quase parou o país em pleno período eleitoral."

Até parece que a direita, os conservadores - com a mídia à frente -, não fizeram de tudo e não pressionaram para que o julgamento se desse na data e forma como ocorre até agora para chegar até o dia da eleição. "A condenação clara e indignada (pelos ministros da Corte) do mau uso da máquina pública revigora a crença na democracia", diz em certo trecho o ex-chefe do Estado brasileiro.

E a compra de votos para a reeleição?

Já sobre o fato de a compra de votos para a reeleição (mudança da qual ele foi o primeiro beneficiário) não ter sido apurada, de o "engavetador" Geral da República do tempo dele não ter aberto processo e nem feito a denúncia, e dos parlamentares que venderam o voto terem renunciado ao mandato para não serem investigados pelo Congresso etc., ele não diz uma palavra.

Tampouco fala da não apuração do "mensalão" de Minas (do deputado Eduardo Azeredo - PSDB-MG), parada há anos. Nem dos mais de 40 escândalos não apurados no governo dele. Mas o que FHC queria mesmo neste seu artigo quinzenal está no final do texto: propor uma aliança PSDB-PSB em 2014.

"Faz falta agora, mirando 2014, que os partidos que poderão eventualmente se beneficiar do sentimento contrário ao oportunismo corruptor prevalecente, especialmente PSDB e PSB, se disponham, cada um a seu modo ou se aliando, a sacudir a poeira que até agora embaçou o olhar de segmentos importantes da população brasileira", diz FHC ao defender a aliança PSDB-PSB para as eleições nacionais daqui a dois anos.

Não acredito nessa aliança PSDB-PSB para 2014

Sucesso para o ex-presidente em suas empreitadas em torno da formação desde já de uma aliança nacional PSB-PSDB - o que duvidamos. Mas, se vingar e acontecer, não será a primeira vez que o PT enfrenta uma eleição sem o PSB e outros aliados.

Só para ficar em um exemplo, o presidente Lula foi eleito em 2002 disputando com o tucano José Serra (que era apoiado pelo PMDB), com o ex-ministro Ciro Gomes, da coligação PPS-PTB-PDT e com o ex-governador do Rio, Anthony Garotinho, então do PSB.

Agora, o artigo de FHC deste fim de semana é de um elitismo e de uma hipocrisia lamentáveis. No fundo, em seu texto o ex-presidente termina dizendo que, como sempre, o povo não sabe o que faz. Que seu governo não foi acusado de corrupção e uso dessa máquina. E que o PSDB não usa a máquina pública. Isto tudo com seu partido campeão de ficha-sujas impugnados nesta eleição pela Justiça Eleitoral...

http://www.zedirceu.com.br/index.php?option=com_content&task=blogcategory&id=1&Itemid=2



sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Que país é este?

Editorial de CartaCapital

Paulo Lacerda. E ele disse: “Se abrirem o disco rígido, acaba a República"

Cena de um filme de Mario Monicelli, Os Companheiros. Estamos na ¬penúltima ¬década do século XIX e Marcello Mastroianni, agitador subversivo, chega de trem a Turim. Às portas da cidade, o comboio é bloqueado por uma multidão de operários, homens, mulheres e crianças. Em greve, ali estão para impedir a ¬chegada de uma leva de colegas chamados de outra região pelos industriais turineses para substituir os grevistas. Do alto, Mastroianni pergunta a um dos líderes da parede: “Que país é este?” Responde um inesquecível Folco Lulli em meio à cerração que sai da tela e invade a plateia: “Um país de m…!”

O Brasil não é a Turim do fim de 1800, mesmo porque aqueles operários, menores inclusive, estão em greve para conseguir reduzir os horários de trabalho para 12 horas. Tampouco sou um agitador subversivo, embora muitos como tal me enxergassem em tempos idos e alguns me enxerguem até hoje. Ainda assim, encaro o Brasil de hoje e pergunto: “Que país é este?”

As perguntas apinham-se entre o fígado e a alma, a partir dos eventos contingentes. Por que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pode permitir-se esperar impunemente que o julgamento do chamado “mensalão” influa nos resultados das iminentes eleições? E por que vários ministros do Supremo, mesmo aqueles nomeados por Lula e Dilma Rousseff, esforçam-se com transparente denodo para apressar o processo? E por que não cuidam, enquanto o ciciar de ¬suas togas enche a Praça dos Três Poderes, de moralizar o funcionamento do próprio STF, onde não falta quem transgrida leis e regras determinadas para a correta atuação do tribunal?

CartaCapital sempre sustentou a impossibilidade de se provar o “mensalão” no sentido de mesada, embora observasse na origem do julgamento crimes igualmente graves. Que se faça justiça é o que desejamos. Donde: por que nem sempre, e até de raro, os senhores ministros provem estar à altura da tarefa, súcubos das pressões da mídia do pensamento único?

E o presente reflui com naturalidade para o passado. Por que o mensalão petista vai ao tribunal antes daqueles tucanos que o precederam? E por que Daniel Dantas, que esteve por trás de todos, não está no banco dos réus? Por que as operações policiais que desnudaram seus crimes adernaram miseravelmente? Por que o disco rígido do Opportunity, sequestrado pela Polícia Federal durante a Operação Chacal e entregue ao STF, nunca foi aberto? No fim de 2005 dirigi esta pergunta ao então diretor da PF, Paulo Lacerda, na presença de Luiz Gonzaga Belluzzo e Sergio Lirio. O delegado, anos depois desterrado para Portugal, respondeu: “Se abrirem, a República acaba”.

Por que Dantas dispõe de tamanho poder, a ponto de receber as atenções e os serviços profissionais de Márcio Thomaz Bastos, inclusive quando ministro da Justiça, e o apoio de José Eduardo Cardozo, atual ministro da Justiça, desde seu tempo de deputado federal? E por que não duvidar da Justiça, no Brasil, sempre inclinada, como se sabe, a condenar os pobres em lugar dos ricos? E por que quem tentou enfrentar Dantas, o honrado ministro Luiz Gushiken, felizmente absolvido pelo processo do mensalão, pagou caro por sua ousadia?

Observam meus perplexos botões como às vezes caiba questionar o poder do próprio governo ao vê-lo forçado a compromissos e concessões. Por que de quando em quando, mas como o pano de fundo de uma ameaça constante, surge a forte impressão de que uma espécie de quinta coluna agita-se dentro de suas fronteiras, formada à sombra de seus aliados e mesmo dentro do PT? E por que o governo não hesita em favores e consistente apoio financeiro à mídia que, compacta, o denigre diuturnamente? E por que tantos governistas não escondem seu deleite ao se olharem no vídeo da Globo ou nas páginas amarelas de Veja?

Casa-grande e senzala ainda estão de pé: receio que nesta presença assente a resposta aos intermináveis porquês. Não tenho dúvidas de que tanto uma quanto outra ainda serão demolidas, e admito que já sofreram alguns sérios abalos nos alicerces. Gostaria de assistir à destruição definitiva, o adiantado da idade, contudo, me impede de arriscar esperanças exageradas.

http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2012/10/05/mino-mensalao-e-dantas-que-pais-e-este/



Lewandowski contra marionetes do autoritarismo

O ministro revisor disse em seu voto que Roberto Jefferson era inimigo figadal de José Dirceu. Foto: Fabio Pozzebom/Agência Brasil

Ao absolver José Genoino, o ministro Ricardo Lewandowski se valeu de um aforismo jurídico oriundo do Direito Romano. Em latim, “Quod non est in actis non est in mundo”; em português, “O que não está nos autos não está no mundo”. O ministro em questão explicava porque não podia condenar aquele réu, porque a acusação se valera de elementos que não existiam nos autos e, portanto, juridicamente não existiam no mundo.


Lewandowski se valeu, ainda, de outro aforismo muito mais conhecido, ao qual leigos como este que escreve também recorrem eventualmente: “In Dubio Pro Reo”, ou seja, “Em caso de dúvida, aja-se em favor do réu”. Se a prova é incerta por não estar nos autos ou por não ter confiabilidade plena, ainda mais sendo testemunhal, gera dúvida à condenação e, em dúvida havendo, o Direito obriga a que se decida a favor do acusado.

Assim, ao longo do julgamento da Ação Penal 470, vulgo “mensalão”, o que se pensava ser questão pacificada no Direito, até pela experiência jurídica brasileira, inverteu-se de forma casuísta em um julgamento de exceção. E o que é um julgamento de exceção se não aquele em que suas regras fogem à norma, constituindo-se em exceção para aquele julgado, seja em seu favor ou em seu prejuízo, ainda que se tenha convencionado usar essa figura para condenações.

Os tribunais de exceção não nos são estranhos. Há algum tempo, circulou pela mídia a foto de um desses tribunais. Nela, uma jovem de 19 anos, altiva, sentada no banco dos réus, olhava desafiadoramente para juízes militares que, por uma dessas supremas ironias da vida, protegiam as faces com as mãos em uma época de luta armada no país que obrigava a esses juízes dos tribunais de exceção a não se exporem enquanto estupravam o Estado de Direito.


Lewandowski, ao votar por absolver José Genoino e José Dirceu ao tempo em que pedia provas a pares que o interrompiam para já anteciparem votos condenatórios, provou, por A mais B, que a afirmação recente de seu par Celso de Mello de que aquele juízo não estaria produzindo inovação alguma não passa de falácia. Inovação há e está demonstrada em bom português e até em bom latim. E sem contestação objetiva, até aqui.

Um único ministro do Supremo erigiu toda a fundamentação jurídica para gerar ao menos a discussão sobre por que o julgamento da Ação Penal 470 seria um julgamento de exceção, um juízo casuísta, ainda que suas inovações possam ser apoiadas por vertentes outras do Direito internacional, mas que, ainda assim, não encontram no Direito brasileiro histórico digno de nota.

Lewandowski, para ensinar processo penal aos pares, não enfrenta “apenas” a quase todos, mas, também, uma máquina de moer gente que se convencionou chamar de mídia e que vai edificando a teoria de que há ministro do Supremo bom e ministro mau. Insinua a moenda midiática, pois, que o juiz que pede provas para condenar teria sido subornado de alguma forma. Assim, além do juiz, criminaliza-se qualquer um que concorde com ele.

Os pares de Lewandowski, em excessiva maioria, conseguiram montar um tribunal de exceção, casuísta, o qual, de acordo com o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, jamais será visto de novo, ou seja, não formará jurisprudência alguma, pois não se julgará e condenará pelos mesmos critérios acusados de crimes análogos aos citados na AP 470 e que integram partidos que surfam no mensalão do PT para tentarem conseguir na Justiça o que não conseguiram nas urnas.

A criminalização da política, também citada por Lewandowski, pois, foi uma das bases nas quais se assentou a última experiência ditatorial do Brasil. A ditadura militar baseou-se, antes de mais nada, na premissa de que era preciso tomar o poder à força e impedir o povo de votar porque a classe política era uma grande quadrilha que tinha que ser mantida longe do poder e das urnas. E lá se foram duas décadas de obscurantismo.

Arreganhos ditatoriais que juristas e cientistas políticos ora constatam vão sendo produzidos por juízes escolhidos de olhos fechados pela atual presidente da República e por seu antecessor, que julgavam estar aperfeiçoando a democracia ao aposentarem a prática dos antecessores de nomear aliados políticos para cargos como o de Procurador Geral da República e ministro do STF, mas que, em verdade, estavam dando azo ao autoritarismo.

No âmbito dessa escalada antidemocrática, ontem, por volta das 23 horas, o blogueiro recebe ligação de diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo dando conta de que, naquele exato momento, a Polícia estava invadindo sua sede por ordem da Justiça Eleitoral, que acolheu pedido da candidatura José Serra de apreensão de jornal daquele sindicato contendo declaração de apoio à candidatura Fernando Haddad.

http://www.blogdacidadania.com.br/2012/10/lewandowski-contra-marionetes-do-autoritarismo/

Dirceu, Genoíno e a revanche da direita


Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre
Condenar Dirceu é, sobretudo, condenar o Governo popular e democrático de Lula.
As condenações de José Dirceu e de José Genoíno vão ser um prêmio para a direita, a revanche dos derrotados, o prazer dos ressentidos, a esperança dos incompetentes e a justiça dos perversos”.

A ação penal 470 (“mensalão”) se transformou no único trunfo da direita brasileira, que não tem condições de ganhar as eleições no campo democrático e eleitoral. O “mensalão”, conforme os autos, não teve comprovada sua existência como mesada paga continuamente, mensalmente a parlamentares, bem como não foram comprovadas, de forma alguma, quaisquer relações de José Dirceu com o empresário Marcos Valério — considerado pela PGR como gerente do mensalão — e com os bancos BMG e Rural.

As condenações de José Dirceu e de José Genoíno vão acontecer por causa das condições políticas, jurídicas e publicitárias que deram ao caso “mensalão”. Apesar de os trabalhistas terem vencido três eleições presidenciais (2002-2006-2010), o “mensalão”, de 2004 com forte repercussão em 2005, tinha a finalidade de derrubar o presidente Lula do poder e se transformou, nos anos vindouros, na única possibilidade plausível e factível para os tucanos e o sistema midiático privado fazerem frente a um presidente popular da expressão de Lula.

O operário, o nordestino que desceu para São Paulo em um pau-de-arara deixou o poder com 84% de aprovação, sendo que 10% dos entrevistados pelas pesquisas consideraram seu governo regular, o que significa aprovação, e somente 6% (a imprensa burguesa, seus leitores fiéis e os tucanos) julgou o governo Lula como ruim ou péssimo, mas, contudo, sem abrir mão de comprar carros, apartamentos, viajar ou fazer, com facilidade, empréstimos no Banco do Brasil, ou seja, sem abrir mão do bolsa-dinheiro-rápido-e-na-mão. Lula saiu com índices de aprovação maiores do que os do ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, quando o sul-africano deixou a presidência.

São essas realidades e verdades que mexem com os brios e os sentimentos negativos das nossas perversas “elites” herdeiras da escravidão e da infâmia. Condenar José Dirceu e José Genoíno significa macular o governo Lula e, consequentemente, dar outra conotação à sua história de vida e aos seus governos que incluíram 40 milhões de brasileiros por intermédio dos benefícios sociais, do desenvolvimento da economia e da criação de mais de 10 milhões de empregos.

Genoíno é a revanche da direita derrotada nas urnas contra aqueles que pegaram em armas
As condenações de Dirceu e de Genoíno garantem fôlego à oposição, que se encontra desmoralizada e apequenada, por não ter compreendido o momento histórico que vivia quando esteve no poder na década de 90, a década perdida, os anos da efetivação do neoliberalismo no Brasil pelas mãos dos Fernandos, o Collor de Mello e principalmente o Henrique Cardoso, que alienaram o patrimônio público e se recusaram, terminantemente, a construir um Brasil digno para sua população. Governaram para as classes abastadas por serem representantes das próprias e a pensar como elas e tal qual agir e proceder.
O que restou para essa gente foi a condenação de um dos quadros mais preparados do PT e da esquerda brasileira, que sempre teve à frente dos embates políticos desde 1982, que se posicionou muitas vezes contra a direita quando na Constituinte se reunia com as lideranças partidárias para discutir a elaboração da Constituição. Dirceu e Genoíno são oriundos da guerrilha da década de 1970 e causam grande ressentimento e ódio aos senhores e senhoras conservadores, feudais, inquilinos da Casa Grande e que detestam governantes trabalhistas no poder ainda mais quando o mandatário tem origem humilde e tem como profissão ser metalúrgico.
Por isto e por causa disto, Genoíno e principalmente Dirceu foram linchados pela imprensa comercial e privada (privada nos dois sentidos, tá?) durante anos, sem trégua e sem o direito de resposta assegurado, porque no Brasil “esqueceram” de discutir o papel da imprensa, bem como os governos do PT erraram e ainda erram gravemente por não ter criado o marco regulatório para as mídias e dessa forma democratizar o setor empresarial das comunicações e, por conseguinte, garantir a estabilidade política e institucional ao povo brasileira, porque até um recém-nascido sabe e percebe que os barões da imprensa são historicamente golpistas, além de serem os patrões mais atrasados, reacionários e tacanhos de todos os segmentos empresariais brasileiros.

Gurgel é o dono da República: prevarica quando quer e faz oposição ao Governo
O prevaricador-geral da República, Roberto Gurgel, o mesmo que sentou nos autos e processos do bicheiro Carlinhos Cachoeira durante quase três anos para salvar o senador cassado do DEM, Demóstenes Torres, e o governador tucano de Goiás, Marconi Perillo, que concorriam às eleições de 2010, não apresentou provas contundentes, mas, sim, “tênues”, conforme suas palavras, contra o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, e o ex-deputado José Genoíno, políticos do Partido dos Trabalhadores — o PT.

O juiz condestável e temperamental, Joaquim Barbosa, não vai julgá-los e condená-los por serem culpados por crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha, mas, sim, por presunção de culpa desses crimes, porque os autos do processo não comprovam a culpabilidade de dois ícones da esquerda brasileira e do PT, que “tomaram” por via legal o poder juntamente com o operário Luiz Inácio Lula da Silva após quase 40 anos de lutas, o que, sobremaneira, tornou-se fato histórico imperdoável para a oligarquia brasileira, uma das mais poderosas e cruéis do mundo.

Dirceu e Genoíno desde sempre combateram a plutocracia dos “bem nascidos”, e sofreram todo tipo de reveses, a começar por terem que viver por tempo significativo como clandestinos em seu próprio País para não serem mortos pela repressão policial e militar dos tempos da ditadura. Foram presos, viveram no exílio, sofreram com as agressões verbais e corporais (Genoíno foi torturado) e, após muita luta e a efetivação da anistia política de 1979, ajudaram a fundar a CUT e o PT, dois alicerces emblemáticos dos trabalhadores, do trabalhismo e da sociedade brasileira, sistematicamente demonizados pelo sistema midiático de negócios privados.

A direita e as classes dominantes sabem que a chamada “grande” imprensa é a caixa de ressonância do pensamento burguês, dos que controlam as forças do capital, e que apesar de estarem a dez anos sem ocupar a Presidência da República ainda controlam parte significativa do Estado, a exemplo da Procuradoria Geral da República, do Supremo Tribunal Federal e de setores reacionários das forças de segurança, como a Polícia Federal e as Forças Armadas.

Joaquim não gosta de ser contestado e o revisor Lewandowisk, para ele, não pode revisar
O PT e seus aliados, os trabalhadores urbanos e a sociedade interiorana que retrata o Brasil profundo não controlam o estado de maneira plena e ampla, como, a meu ver, deveria ser. Mesmo com a assunção de Dilma e Lula ao poder, as classes abastadas continuam a controlar o Judiciário e os meios de comunicação privados, que interferem no Poder Executivo para que o programa de governo dos trabalhistas seja efetivado de forma mais lenta, pois o objetivo é atrasar ao máximo a autonomia e a soberania do País, bem como o desenvolvimento da maioria da população. É este o real processo e de luta política que está em jogo e por trás da linguagem empolada e rebuscada dos juízes do STF e das manchetes apelativas e manipuladoras dos jornais dos barões da imprensa. Resumindo: se você não ganha no voto, tente ganhar no tapetão.


A luta de classe existe e nunca terminou por causa da queda do muro de Berlim, como apregoam os arautos das oligarquias brasileiras e estrangeiras, com o propósito de dissimular a realidade e assim fazer com que os desavisados, os alienados e os reacionários por índole, por causa disto cegos, acreditem que a luta de classe acabou e que as esquerdas não tem mais o que fazer no mundo, a não ser ler os livros de história. Eles sabem muito bem que vencer as eleições e ter como adversários os trabalhistas, as esquerdas e alguns partidos à direita do espectro ideológico, aliados de Lula e Dilma e que compõem a base do governo no Congresso é quase impossível.

Por isto, acontecem as tentativas de golpes e a concretização dos golpes no decorrer do século XX e agora no século XXI. Não há como os direitistas vencer as eleições presidenciais se quando estiveram no poder de forma ilegal viraram as costas para o povo brasileiro e optaram por governar para poucos, para os ricos e dessa forma perpetuar o status quo das classes sociais que se consideram superiores e até mesmo acima das leis, pois criadas e alimentadas pelos privilégios.

A direita no Brasil, com rara exceção, somente chegou ao poder por intermédio de golpe de estado, a partir, principalmente, da Revolução de 1930 quando Getúlio chegou ao poder e fez profundas modificações no estado nacional (burocracia, administração e criação de novos órgãos e instituições), no modo de operar a produção econômica e nos códigos do direito civil, trabalhista e eleitoral.

Lula é o verdadeiro alvo de todo esse processo, que vai se radicalizar ainda mais em 2014
Quando Getúlio moderniza o estado e abre um leque de oportunidades de novos negócios e de emprego para a população, ele rompe com os monopólios, com os oligopólios e com a reserva de mercado dos senhores da Casa Grande, no que tange aos meios de produção, à democratização do acesso ao emprego e ao ensino, bem como diversifica os setores de uma economia atrelada às monoculturas do café, da cana de açúcar e à pecuária. Portanto, Getúlio não apenas revolucionou a economia, mas também os costumes e a cultura de uma nação multifacetada e alicerçada em todas as raças, nacionalidades e credos.


Getúlio é o pai do Brasil moderno, e Lula a continuação do projeto trabalhista de País em termos exponenciais. A direita consciente, profissional e que formula o contraponto para combater os avanços da esquerda sabe disso. O resto é leitor de Veja, a revista porcaria, e telespectador dos jornais das Organizações(?)Globo, que acreditam no que veem e leem sem ao menos ponderar os fatos.

O STF é o guardião da Constituição e zela pelo direito amplo de defesa, busca a verdade e por isso as acusações devem ser confrontadas com as provas da defesa, além de favorecer o contraditório. Para um tribunal condenar uma pessoa, um cidadão, os juízes precisam ter certeza da culpa do réu. Não se pode pensar em possibilidades e probabilidades. Quando o procurador geral da República reconhece que as provas contra Dirceu, por exemplo, “são tênues”, sinal de que tal julgamento é essencialmente político, só que a pessoa ré está com sua história de vida, o futuro e sua moral colocados em risco, de forma que um julgamento sem provas e contraprovas contundentes ele se torna, irremediavelmente, sumário.


O STF não pode se permitir a ser pautado pela imprensa. Os leitores que acreditam e confiam na imprensa privada podem acreditar e confiar nela, afinal de contas cada um tem o que merece. Contudo, o Judiciário não pode se deixar influenciar por ninguém (gente, instituição ou empresa), porque vivemos em um estado democrático de direito cujo princípio da presunção da inocência é um dos pilares do Direito Penal. José Dirceu e José Genoíno até agora não tiveram direito ao pleito da dúvida.  É isso aí.











 




A espetacularização do Judiciário

Por Leonardo Boff, no sítio da Adital:

Para não me aborrecer com e-mails rancorosos vou logo dizendo que não estou defendendo a corrupção de políticos do PT e da base aliada, objeto da Ação Penal 470, sob julgamento no STF. Se malfeitos forem comprovados, eles merecem as penas cominadas pelo Código Penal. O rigor da lei se aplica a todos.

Outra coisa, entretanto, é a espetacularização do julgamento transmitido pela TV. Ai é iniludível a feira das vaidades, o vezo ideológico que perpassa sobre a maioria dos discursos.

Desde A Ideologia Alemã de Marx/Engels (1846) até Conhecimento e Interesse de J. Habermas (1968 e 1973), sabemos que por detrás de todo conhecimento e de toda prática humana age uma ideologia latente. Resumidamente podemos dizer que a ideologia é o discurso do interesse. E todo conhecimento, mesmo o pretende ser o mais objetivo possível, vem impregnado de interesses. Pois assim é a condição humana. A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam. E todo o ponto de vista é a vista de um ponto. Isso é inescapável. Cabe analisar política e eticamente o tipo de interesse, a quem beneficia e a que grupos serve e que projeto de Brasil tem em mente. Como entra o povo nisso tudo? Ele continua invisível e até desprezível?

A ideologia pertence ao mundo do escondido e do implícito. Mas há vários métodos que foram desenvolvidos, coisa que exercitei anos a fio com meus alunos de epistemologia em Petrópolis, para desmascarar a ideologia. O mais simples e direto é observar a adjetivação ou a qualificação que se aplica aos conceitos básicos do discurso, especialmente, das condenações.

Em alguns discursos como os do Ministro Celso de Mello, o ideológico é gritante, até no tom da voz utilizada. Cito apenas algumas qualificações ouvidas no plenário: o "mensalão” seria "um projeto ideológico-partidário de inspiração patrimonialista”, um "assalto criminoso à administração pública”, "uma quadrilha de ladrões de beira de estrada” e um "bando criminoso”. Tem-se a impressão que as lideranças do PT e até Ministros não faziam outra coisa que arquitetar roubos e aliciamento de deputados, em vez de se ocupar com os problemas de um país tão complexo como o Brasil.

Qual o interesse, escondido por detrás de doutas argumentações jurídicas? Como já foi apontado por analistas renomados do calibre de Wanderley Guilherme dos Santos, revela-se aí certo preconceito contra políticos vindos do campo popular. Mais ainda: visa-se aniquilar toda a possível credibilidade do PT, como partido que vem de fora da tradição elitista de nossa política; procura-se indiretamente atingir seu líder carismático maior, Lula, sobrevivente da grande tribulação do povo brasileiro e o primeiro presidente operário, com uma inteligência assombrosa e habilidade política inegável.

A ideologia que perpassa os principais pronunciamentos dos ministros do STF parece eco da voz dos outros, da grande imprensa empresarial que nunca aceitou que Lula chegasse ao Planalto. Seu destino e condenação é a Planície. No Planalto poderia penetrar como faxineiro e limpador dos banheiros, como, aliás, parece ter sido o primeiro trabalho do Ministro Joaquim Barbosa no STF. Mas nunca como Presidente.

Ouve-se no plenário ecos vindos da Casa Grande que gostaria de manter a Senzala sempre submissa e silenciosa. Dificilmente se tolera que através do PT os lascados e invisíveis começaram a discutir política e sonhar com a reinvenção de um Brasil diferente. Tolera-se um pobre ignorante e mantido politicamente na ignorância. Tem-se verdadeiro pavor de um pobre que pensa e que fala. Pois Lula e outros líderes populares ou convertidos à causa popular, como João Pedro Stedile, começaram a falar e a implementar políticas sociais que permitiram uma Argentina inteira ser inserida na sociedade dos cidadãos.

Essa causa não pode estar sob juízo. Ela representa o sonho maior dos que foram sempre destituídos. A Justiça precisa tomar a sério esse anseio a preço de se desmoralizar, consagrando um status quoque nos faz passar internacionalmente vergonha. Justiça é sempre a justa medida, o equilíbrio entre o mais e o menos, a virtude que perpassa todas as virtudes ("a luminossísima estrela matutina” de Aristóteles). Estimo que o STF não conseguiu manter a justa medida. Ele deve honrar essa justiça-mor que encerra todas as virtudes da polis, da sociedade organizada. Então sim se fará justiça nesta país.

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