"Não há nada escondido que não venha a ser revelado, nem oculto que não venha a se tornar conhecido". Lucas, 8:17,12:2 em Mateus10:26

"Corra o juízo como as águas; e a justiça, como ribeiro perene". Amós (570-550 a.c.)

"Ninguém pode ser perfeitamente livre até que todos o sejam".

Santo Agostinho

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Correspondência enviada a jornalista

Ao tomar conhecimento do artigo da jornalista Eliane Catanhede publicado hoje na Folha-Online resolvi fazer-lhe umas considerações, via e.mail.  Mais por divertimento. A jornalista é muito responsável e preocupada tanto que trabalha nas férias. Vai que ela quer consertar o mundo, né? Será que o jornal lhe paga pelo trabalho extra?

Assim, transcrevo primeiramente o e.mail e, a seguir, o artigo da Eliane.


Distinta jornalista

Considerar Sarney e sua troupè como “Donos do Mundo” é exagero. 

Principalmente, levando em conta que a senhora está em gozo de férias. A cabeça esfria, o corpo distensiona-se, a preguiça assoma. A abrigalidade deve ser ótima, as comidas um luxo. O lençol macio, o ar condicionado acalenta as noites. E na Bahia. Algo não concedido a milhões de brasileirinhos. O que fazer? Nada é perfeito!

Acho justo porretear a família Sarney.  Quem o mandou sair do lugar comum? Tornou-se vidraça. Alvo preferido dos profissionais da imprensa. Nem só desses.

Surpreende-me a afirmação que o helicóptero utilizado é o mais caro do país.

Exagero aceitável para quem na Bahia descansa.  Não deve ser fácil essa vida de passar o tempo todo buscando vidraças, acumulando pedras, não é?

E que dizer do péssimo atendimento concedido ao coitado do pedreiro traumatizado no seu encéfalo craniano?  Seu transporte atrasou-se 10 minutos!  Um horror! Confesso que eu nem sabia que no Estado com o pior IDH do mundo, com os piores índices de portugueiz e de mate-raizquadrada-mática já está a transportar a desnatada classe social "E" em caríssimos helicópteros. Miséria!

Só R$62 mil mensais de remuneração? Ganha muito mais!  E os particulares?  Não conta?  Manda a FOLHA apurar direitinho que encontra mais.

Há algo que me intriga. Jamais li críticas por FHC também usar desses meios modernosos para deslocar-se ao seu sítio em Ibiúna ou à sua fazenda em Buritis-MG. E pior: o helicóptero não transportava os “desnatados” da época.  Também pudera: aquela gente fedorenta do MST? Iriam empestear a nave. Nesses ousados, porrete!

O mundo é isso. Donos, capatazes, vassalos. Santos e demônios.

Aproveite o lazer. Deixe de lado o afazer. Agora não é hora  de acumular grandes pedras. Só as pequeninas: grãos de areia.

MF      

24/08/2011 - 11h16

Donos do mundo

Estou de férias, passando uns dias na Bahia, e queria entender direitinho essa história do Sarney fazendo turismo no helicóptero do Maranhão. Vamos lá:
Então, o governo do Estado mais pobre, com o pior IDH e os piores índices de português e matemática comprou o helicóptero mais caro do país?
A desculpa, ops!, o motivo foi cuidar da segurança de todos os cidadãos maranhenses?
E o tal helicóptero serve mesmo para transportar os pais da governadora nos fins de semana, com todo o conforto, para a ilha particular da família?
Mas os índices de criminalidade não são piores justamente nos fins de semana, quando o tal helicóptero seria mais útil para a população?
E o que estavam fazendo no voo o um empresário que tem os maiores contratos com o Estado e a sua mulher? Tratando do interesse público?
O que é mais urgente e importante: o ferido com traumatismo encéfalocraniano que chegou no primeiro helicóptero e ficou esperando o desembarque da família imperial e seu séquito ou os veranistas Sarney e seus amigos empresários?
Se o Sarney ganha R$ 62 mil por mês, do Senado, da aposentadoria do governo do Maranhão e de uma tal aposentadoria do Tribunal de Justiça do Estado (que é uma verdadeira mãe, pelo visto), por que ele não pode pagar os próprios passeios?
Desisto. Não dá mesmo pra entender nada. Só os verdadeiros motivos de o Maranhão e os maranhenses estarem como estão. É de chorar.
Eliane Cantanhêde
Eliane Cantanhêde é colunista da Folha, desde 1997, e comenta governos, política interna e externa, defesa, área social e comportamento. Foi colunista do Jornal do Brasil e do Estado de S. Paulo, além de diretora de redação das sucursais de O Globo, Gazeta Mercantil e da própria Folhaem Brasília.

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