"Não há nada escondido que não venha a ser revelado, nem oculto que não venha a se tornar conhecido". Lucas, 8:17,12:2 em Mateus10:26

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"Ninguém pode ser perfeitamente livre até que todos o sejam".

Santo Agostinho

domingo, 15 de maio de 2011

Churrasco diferenciado de gente diferenciada

do Blog da Flávia Guerra, jornalista do "O Estado de São Paulo".

Zé Serra comendo uns" filé de gato". Isso durante a campanha.  Depois é só caviar 
São Paulo – Zona Leste (onde há muita gente diferenciada morando e louca para ter uma segunda linha de metrô)
Assim, caros leitores. Como boa jornalista que tento sempre ser, vou apurar melhor esta história para não proferir palavras em vão. Mas, acabo de chegar de Paulínia, onde fiz uma longa e bacana entrevista com Wagner Moura (que roda seu novo filme, A Cadeira do Pai, de Luciano Moura), e me deparo com  a ‘polêmica do metrô de Higienópolis e o Churrascão da Gente Diferenciada’.
Eu já havia postado no meu facebook um comentário muito do irônico sobre o fato de que a “Nesta terça-feira (10), a associação do bairro de Higienópolis conseguiu que o governo impedisse as obras da estação Higienópolis, na avenida Angélica, acreditando que tal construção acarretaria na chegada de um “público diferenciado” ao bairro, promovendo a degradação de suas ruas sagradas e aumentando assim o número de ocorrências policiais. “Prevaleceu o bom senso”, declarou o presidente da entidade Defenda Higienópolis, o empresário Pedro Ivanow.
Vou apurar se o senso de não querer uma estação de metrô em um dos bairros mais atribulados da capital é bom mesmo.
Mas ótimo mesmo é o Churrascão da Gente Diferenciada que a ‘gente diferenciada’ vai promover neste sábado em frente ao Shopping Higienópolis.  Minha gente, a pequena brasileira que já morou na Luz (que hoje está apagada, mas, com fé e trabalho e vontade vai ser de novo iluminada e ganhar a vida que merece), que já levou DUAS HORAS da casa da mamma na ZL até a faculdade (A Cidade Universitária, onde, até hoje, não há metrô), que está de olho na evolução das alternativas propostas para que os torcedores das outras zonas da cidade possam chegar até o Itaquerão, não consegue entender muito bem como ‘não querer uma estação de metrô’. E este não entendimento piora quando a mesma moça aqui lembra que já morou no EastEnd (a zelê de Londres, que hoje é dominada por gente fashion, trendy, paquistaneses, indianos, ingleses e afins), que sabe muito bem que há várias estações de metrô (a Green Park, a St. James Park, a Victoria, o Hyde Park Corner e até o da Abadia de Westminster) a dez minutos a pé do mítico Palácio de Buckingham (aliás, Kate e William podiam ter ido de metrô ao casório. Mas várias estações ‘na boca da realeza’ tiveram de ser fechadas para o casamento do ano. E foram devidamente aberta à gente diferenciada horas depois), que vai à Milano Moda Donna pela linha que deixa os fashionistas na Fiera, a estação ‘na boca do maior centro fashion da Itália’, que sabe que há um metrô na calçada do Hotel de Ville (a lendária ‘prefeitura’ ou câmara municipal de Paris).
É…. Paris não tem mais Bastilha. Mas a estação Bastilha está para lembrar que a realeza é para todos.
Para não ser mais irônica sem conhecimento de causa, calo-me agora e volto depois. Mas fica a dica. E o convite:
Churrasco da ‘Gente Diferenciada’ em Higienópolis, sábado. Vá, leve farofa, carne de gato, cachorro, papagaio, som portátil, carro tunado e tudo o que sua consciência social permitir. Afinal, a rua é pública e o Higienópolis não está separado por muros.

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