"Não há nada escondido que não venha a ser revelado, nem oculto que não venha a se tornar conhecido". Lucas, 8:17,12:2 em Mateus10:26

"Corra o juízo como as águas; e a justiça, como ribeiro perene". Amós (570-550 a.c.)

"Ninguém pode ser perfeitamente livre até que todos o sejam".

Santo Agostinho

domingo, 30 de janeiro de 2011

A MÍDIA INTERNACIONAL

Para se saber um pouco como funciona a nossa imprensa, grande ou pequena, quando se trata da difusão de assuntos internacionais, temos que levar em consideração em quais fontes ela, imprensa, “bebe”.  Todas, sem exceção, noticiam os fatos divulgados por umas poucas agências noticiosas.
Destacamos as principais: United Press International, Associated Press, Reuters, CNN, BBC, New York Times, ElPais. Note que todas pertencem ao que chamamos de mundo ocidental.
O conteúdo delas, invariavelmente é o mesmo.
É raro tomarmos conhecimento de algo que não seja através de agência além das acima citadas.
Ficamos sabendo da existência da agência Al Jazira só quando esta divulgou notícias sobre a invasão do Iraque e pronunciamentos atribuídos a Bin Laden. Nada mais.
O Brasil, para o bem ou para o mal, está contextualizado dentro dos padrões ocidentais. A nossa grande imprensa divulga à exaustão as notícias fornecidas (pagas, é lógico) pelas principais agências estrangeiras, já citadas.
Dada a gama de poderosos interesses envolvidos, me pergunto se as notícias a que nós dado a conhecer são as mais fidedignas, as versões as mais isentas.  Se aquilo que nos é impingido não é uma visão parcial e estreita dos fatos.
Digo isso porque, de repente, fomos surpreendidos por notícias acerca de uma rebelião popular irrompida na Tunísia tendo culminado com a queda de um governo ditador corrupto, de mais de 20 anos de duração. O que sabemos da Tunísia?  Quase nada.  Um país apreciado pelos turistas europeus e é só. Se me perguntassem qual é a sua capital diria de estalo: Adis Abeba!  Errado, pois se trata da capital da Etiópia.
E, sem mais sem menos, outra rebelião popular sangrenta, de enormes proporções, irrompe no Egito.  Um país que sabemos ser, entre outras coisas, um dos berços da civilização, terra de faraós e seus fabulosos tesouros.
Mas como?  Deu a louca por aquelas paragens?  Virou moda?
Acontece que a gente estava “por fora”.  Desconhecíamos as tremendas dificuldades por que passavam seus povos, o grau de corrupção instalada, os desmandos, os privilégios de poucos, suas frágeis democracias, com eleições viciadas e violentas.  As prisões de ambos os países lotadas de opositores e outros tantos obrigados a se tornar refugiados políticos.


Uma coisa é certa: o estopim acende com a falta de emprego, preços elevados, serviços públicos deficientes, a maioria do povo em estado de miséria pura e simples, opressão política. 
E será que essas explosões de descontentamento surgiram como algo inesperado tal qual um tsumani?
Para nós sim.  Não para o EUA, certamente.  Tanto que os norte-americanos destinavam ao Egito, anualmente, cerca de 1,3 bilhões de dólares.  Para quê?  Para reforço da segurança interna do país contra extremistas e radicais de toda a ordem.
É de se considerar que em sociedade equilibrada não há esse tipo de gente indesejada. Extremistas só existem onde prevalece a injustiça exacerbada.
Os governos da Tunísia, do Egito, da Jordânia, da Arábia Saudita e os de outros tantos países da região estão sob influência direta dos EUA.
E com a mídia internacional que temos, é fácil concluir o porquê não existir repulsa ou melhor, a complacência que há para com tais governos ditatoriais. O mesmo não se dá em relação a países não-alinhados aos interesses estadunidenses, como é o caso do Irã, da Coréia do Norte, da Venezuela que são, sistematicamente, condenados por esta mesma mídia convencional.
Afirmo com segurança que TODA a imprensa brasileira, seja a grande como a pequena, seja a escrita, a televisa e a virtual, ao noticiar assuntos internacionais o fazem com a visão calcada nos interesses que, em boa medida, não são os nossos.
Hoje, com o advento da internet, estamos vendo um descolar de uma “realidade” que era e é imposta, em grande parte, a nós.  Celulares dotados de câmaras fotográficas e de vídeo e gravação são armas preciosas a nos mostrar, mesmo que em edição claudicante muitas vezes, acontecimentos que nos eram surrupiados.
Surgem na imprensa novos autores e atores; rapidamente molda-se uma nova conscientização pela participação de novos agentes, outrora passivos.  Constato, nos comentários e fóruns de discussão, principalmente na internet, que há ainda muito conservadorismo, ranço e radicalismo numa convivência nem sempre pacífica com idéias progressistas, ousadas.
O que importa, no fundo, é que a hipocrisia não impere.  Que os interesses escusos sejam desnudados.  E que haja muitos outros “wikileaks”!

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