Cérbero (*), também conhecido como Pedágio paulista
A tarifa do pedágio é mais um “filão de ouro” ou “uma derrama” se aplicada abusivamente sob o beneplácito e chancela de governos tipo ave de rapina.
Defino o pedágio como um funil, local onde os veículos diminuem a velocidade e chegam a parar. Para pagar pelo uso da estrada. Alguns usam o "passe sem parar", porque solveram com antecipação.
É hora em que o motorista raramente fica satisfeito mesmo com as saudações “bom dia, boa tarde, boa noite” e “obrigado, boa viagem” proferidas - de costume - por cordiais atendentes.
Não chega a ser um dízimo, mas é uma contribuição "salgadinha" para se ter maior conforto e segurança. Se tiver um desarranjo no veículo o serviço de guincho é gratuito. Isso é muito bom.
(*) na mitologia grega representa a GULA, simbolizada por um cão horrendo e voraz dotado de três cabeças.
Quanto custa?
Considerando-se a média ponderada da renda, do saldo bancário, da poupança, da aposentadoria do usuário, é um achaque bem legal (no duplo sentido)!
O valor a pagar varia em função do tipo do veículo: se é de passeio ou comercial (paga por eixo), se for motocicleta, distância percorrida em quilometragem, etc.
Não consegui apurar quanto se paga quando o meio de locomoção é feito por semoventes, bicicleta, charrete, carroça, carro-de-boi, cadeira de rodas. Pensa que estou de brincadeira? Consulte então aqui.
Outra coisa que varia é se você trafegar em estradas federais ou em estaduais. Nestas, regra geral, o valor cobrado é um tanto escorchante. De oito a dez vezes mais que nas federais!
Pedagiômetro
É uma ferramenta digital bacaninha que estima em tempo real o quanto se arrecada nos pedágios paulistas, com base nos relatórios de arrecadação das concessionárias.
E não é que o nosso “pedagiômetro” está a mil por hora pelas estradas paulistas? E cadê os radares? Ninguém aplica multa?
A arrecadação no mês de janeiro p.p. atingiu a impressionante quantia de meio bilhão de reais! Veja aqui.
Número de praças de pedágio
O pedágio começou a vigorar em 1998 com cerca de 40 praças.
Pelo método utilizado via Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA para definir o número de pedágios, conta-se as praças bidirecionais como dois, visto que se cobra a tarifa nos dois sentidos e as praças monodirecionais, como um. Por esse método e segundo dados divulgados pela Artesp, São Paulo tem 237 praças de pedágio atualmente. Esse número não é estático, visto que novas praças continuam a ser abertas. No Estado de São Paulo são 133 pontos de cobrança de pedágio, sendo 102 bidirecionais e 31 monodirecionais.
Como são corrigidas as tarifas dos pedágios?
O índice de correção das tarifas previsto nos contratos é o IGP-M. Um índice também utilizado para corrigir contrato de aluguel e tarifa de energia elétrica.
Fiz umas continhas comparando-o com outro índice chamado de INPC, que serve para apurar a inflação e aplicar, por exemplo, no reajuste de salários. E comparei também com a taxa SELIC.
Cuidado eventual leitor, você poderá cair de costas, literalmente.
Tomei por base R$1,00 durante o período de 01/1998 a 12/2010 e apurei:
– IGP-M: o R$ 1,00 transformou-se em R$ 3,10 - aumento de 209,03% !;
– INPC: o R$ 1,00 transformou-se em R$ 2,31 - aumento de 130,70%
– SELIC: o R$ 1,00 transformou-se em R$ 7,85 - aumento de 684,87% !!!
Sabe para que serve a SELIC? Explico, se é que tenho condições em outro artigo.
E AS ARRECADAÇÕES SÃO BOAS? COMPENSAM AS CONCESSIONÁRIAS?
Em 2009, foram arrecadados R$ 4,550 bilhões, o que representou 16% a mais em relação a 2008. É uma fonte crescente de dinheiro. Basta lembrar que o PIB brasileiro, que é a soma de todas as riquezas produzidas no país, no mesmo ano, por conta da crise mundial, foi negativo de 0,2%! O PIB paulista foi de zero por cento.
Já em 2010, o mitológico insaciável CÉRBERO volta a atacar os bolsos dos usuários e arrecada R$ 5,400 bilhões; representou crescimento de ... deixa eu fazer umas continhas... 12%! Nada mal, hein? E o PIB nacional no mesmo período? Números não oficiais prevêem crescimento em torno de 7,5%. O PIB paulista é estimado em 8%.
Nada nada, a estimativa para este ano é da ordem de R$ 6,500 bilhões. Se não se aumentar o número das praças.
O governador Geraldo Alckmin, durante a campanha, prometeu revisar os valores cobrados nos pedágios. Aguardamos que ele cumpra a palavra empenhada.
Ele já deu um sinal nessa direção tanto é que determinou à sua equipe uma investigação "pente-fino" nas contas públicas herdadas. Se der publicidade dela, concluo que servirá de instrumento valioso para correção de rumo nas contas públicas, coisa e tal. Entretanto, se ficar confinada nos gabinetes governamentais passará a impressão de arma de intimidação,de barganhas ou de retaliação. É certo que, há no ar, desconforto entre seus pares!
Senhor governador, um conselho: todo o cuidado é pouco, pois, como disse Paulo Preto, "não se abandona companheiros à beira das estradas".
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