"Não há nada escondido que não venha a ser revelado, nem oculto que não venha a se tornar conhecido". Lucas, 8:17,12:2 em Mateus10:26

"Corra o juízo como as águas; e a justiça, como ribeiro perene". Amós (570-550 a.c.)

"Ninguém pode ser perfeitamente livre até que todos o sejam".

Santo Agostinho

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

“Sabe com quem está falando?”.


 Esta odiosa frase é evocada por pessoas presunçosas. Não cabe mais no mundo de hoje em que as relações entre os homens caminham para ser as mais igualitárias possíveis.

É mais um exemplo do autoritarismo que viceja em esferas de maior projeção na vida nacional, praticado por pessoas de mentalidade tacanha e “pequena”.

Confesso que não a ouço no dia-a-dia, nas ruas, em bares, em mercadinhos e supermercados, nem em barbearias, oficinas mecânicas. Não a ouço nos escritórios de profissionais liberais dos mais diversos setores.  Nem da parte dos políticos estejam eles em seus gabinetes, em locais sociais.

Ela faz parte do repertório de algumas poucas autoridades no exercício do poder público, em posição de mando. E, às vezes, até dos sem mando.  São os que se julgam detentores do poder incontestável.  A frase tem o caráter de prepotência.  Revela a falta de argumentação, de tolerância e da boa educação.

Cito de passagem dois casos que a mídia divulgou, recentemente, com certo destaque. Um deles podemos tratá-lo por "Sou Ari Pargendler, presidente do STJ. Você está demitido!".

Ari Pargendler é esse camarada da foto

Tudo começou quando o nosso presidente (eu disse PRESIDENTE!) do Superior Tribunal de Justiça acessava o caixa rápido de agência bancária e o estagiário naquela Corte, de nome Marco Paulo dos Santos, que aguardava na fila para fazer uso do caixa.

Incomodado com a proximidade de Marco Paulo (que é algo bastante subjetivo), Pargendler teria dito: “Você quer sair daqui porque estou fazendo uma transação pessoal?". Marco Paulo teria argumentado: “Mas estou atrás da linha de espera”.
O ministro: “Sai daqui. Vai fazer o que você tem quer fazer em outro lugar”.
O jovem explicou que aquele era o único caixa disponível para depósitos e, portanto, aguardaria.
O nosso presidente, já com o ânimo exaltado disse: “Sou Ari Pargendler, presidente do STJ, e você está demitido, está fora daqui”.
Em data posterior, o estagiário recebeu o famoso “bilhete azul”. 
Sentindo-se prejudicado pela intolerância do magistrado de alto coturno, registrou o episódio na 5ª delegacia da Polícia Civil do Distrito Federal no dia 20 pp. O boletim de ocorrência (BO) que tem como motivo “injúria real” e recebeu o número 5019/10. Ele é assinado pelo delegado Laércio Rossetto.
Uma testemunha do fato confirma as afirmações do estagiário Marco Paulo e narra que a reação do digno presidente do STJ foi muito forte, inclusive com tentativa de arrancar o crachá que o jovem portava dizendo: "Você já era! Você já era! Você já era!”.
Informações completas você pode verificar clicando aqui.

O outro acontecimento foi protagonizado pelo juiz João Carlos de Souza Correa, titular da 1ª Vara de Búzios – RJ, sob o sugestivo nome de “Eu sou Deus, esteja presa!”.
O fato é daqueles corriqueiros de trânsito.  O juiz foi parado em uma blitz Operação Lei Seca pela agente Luciana Tamburini.  Não teve qualquer problema quanto ao teste do bafômetro, porém o seu jipão Land Rover preto estava sem placa e ele não portava a carteira de habilitação no momento da abordagem. Ao verificar a data da nota fiscal, a funcionária constatou que o período de 15 dias para o emplacamento estava vencido e informou que o veículo seria rebocado.
Começou o bate-boca. A agente Luciana nada de aceitar as justificativas apresentadas pelo transgressor. O que restou ao digno juiz?  Disse que a agente Luciana o estava insultando. Determinou que o tenente da PM, que chefiava a operação, que a prendesse. Mas como isso não ocorreu, ele mesmo deu a voz de prisão. 
Todos foram parar na 14ª delegacia de polícia do Leblon – RJ onde foi lavrado o respectivo BO por desacato.
O juiz Correa, posteriormente apresentou a sua CNH que se encontrava com sua esposa.  
Disse que faltou habilidade por parte da agente.  “Ela me desacatou, sou um magistrado. Imagina eu, que faço Justiça, sendo injustiçado”, completou.
Ao que retrucou a agente Luciana: “Ele é juiz, não é Deus”.
A frase da Luciana é boa, mas devia ter dito: “Ele é simplesmente juiz, não é o Diabo”.  
Já imaginou o que o juiz Correa faria se fosse o Diabo?
Veja o caso completo clicando aqui.
Notas complementares para análise do caráter do juiz.
Segundo o presidente do Tribunal de Justiça do RJ, Manoel Alberto Rebêlo dos Santos, e o corregedor-geral, Azevedo Pinto já foi instaurado um procedimento contra o juiz para apurar a voz de prisão que ele deu à agente da Operação Lei Seca. Pesam contra ao referido juiz Correa denúncias por a desacatado turistas que reclamaram do barulho da festa que ele promoveu em um motel; de ter obrigado um funcionário de concessionária de energia elétrica a religar a luz de sua casa, cortada por falta de pagamento; de ter discutido com policial rodoviário por estar em alta velocidade e seu carro portar, indevidamene, giroflex proibido; de não pagar contas “penduradas” em estabelecimentos comerciais.
Eis a figurinha:
Juiz Correa


Nenhum comentário:

Postar um comentário