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Santo Agostinho

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Projeções do Banco Mundial para a Economia em 2012

Hans Timmer, diretor de Projetos de Desenvolvimento do Banco Mundial, responsável pela coordenação do Prospectos para a Economia Global
18 de janeiro de 2012
O Banco Mundial rebaixou todas as suas projeções de expansão global em 2012 e alertou que os países em desenvolvimento devem estar preparados para a possibilidade de a situação se agravar ainda mais, com forte desaceleração do crescimento, redução no fluxo de capitais, desvalorização do mercado acionário, queda no preço das commodities e aumento do spread sobre a dívida soberana.
"O risco de uma crise global similar à que aconteceu em setembro de 2008 é real", afirmou em Pequim o economista-chefe da instituição, o chinês Justin Yifu Lin, durante lançamento do Prospectos para a Economia Global (PEG), levantamento realizado duas vezes ao ano.
O principal risco vem da Europa, que pode arrastar o mundo para uma situação de congelamento dos mercados financeiros globais, que afetaria de maneira dramática os países cujas necessidades de financiamento externo superam 5% do PIB.
A repetição de uma turbulência global teria impactos negativos mais profundos e duradouros agora, em razão do menor espaço fiscal para os países adotarem medidas de estímulo ao crescimento, alertou a instituição. Na avaliação de Hans Timmer, diretor de Projetos de Desenvolvimento do Banco Mundial e responsável pela coordenação do PEG, "2012, ou o Ano do Dragão para a China, será muito difícil para a economia global". A probabilidade de a situação mundial se degradar de maneira generalizada é grande o bastante para ganhar destaque nas projeções do Banco Mundial, ainda que não seja o panorama considerado mais plausível.
"É um cenário de crise e não é frequente nós falarmos da crise antes que ela ocorra. Mas mesmo que não seja o mais provável desenlace, é importante o bastante para ser discutido e para os países em desenvolvimento começarem a se preparar para as consequências negativas de uma eventual segunda onda de crise vinda de países riscos", ressaltou Timmer.
Na hipótese de as piores previsões se confirmarem, a instituição prevê redução de 4 pontos percentuais nas já baixas estimativas de crescimento divulgadas ontem. A estimativa agora é de expansão de 5,4% nos países em desenvolvimento e de 1,4% nos ricos, comparados a 6,2% e 2,7% no levantamento divulgado em junho. Menos 4 pontos percentuais sobre esses índices significaria quase estagnação no mundo emergente e forte recessão entre os desenvolvidos.
Depois de um ano e meio em que estiveram imunes à turbulência no mundo desenvolvido, os países em desenvolvimento começarem a ser afetados pelo contágio financeiro em agosto, com redução no fluxo de capitais, queda no mercado acionário e aumento do spread sobre a dívida soberana.
Segundo Timmer, o mundo perdeu desde julho o equivalente a 9,5% do PIB mundial com a desvalorização nas Bolsas de Valores.
Esse contágio ocorreu no momento em que muito grandes emergentes como Brasil, Índia e Turquia desaceleravam em razão de medidas de aperto monetário adotadas para combater a inflação e a alta no preço de ativos.
Mesmo que o cenário base do Banco Mundial se realize, as nações em desenvolvimento vão ver um "modesto" fluxo de capitais estrangeiros para suas economias, depois da acentuada redução dos últimos meses.
A previsão é que esses recursos representem 3,3% do PIB dos países emergentes em 2012 e 3,7% no ano seguinte, bem abaixo dos 8% registrados em 2007 e da média de 10% da última década, prevê a instituição. Na hipótese de agravamento da crise, haverá uma reversão no fluxo de capitais e esse deverá ser o principal canal de transmissão da crise dos países ricos para os emergentes.
A expansão do comércio mundial deverá desacelerar de estimados 6,6% em 2011 para 4,7% neste ano, antes de voltar a crescer a 6,8% em 2013. Mas caso o panorama pessimista se realize, as exportações poderão ter uma contração semelhante à registrada em 2008, avalia a instituição.
A previsão para a zona do euro é de contração de -0,3% em 2012 e, segundo Timmer, até mesmo a Alemanha deverá entrar em recessão no primeiro trimestre do ano. E esse é o cenário mais otimista.
O Banco Mundial aconselha os governos de países emergentes a começarem a se preparar para uma situação adversa, com identificação de novas fontes de receita fiscal e aumento da eficiência no gasto público, que dê espaço para medidas de estímulo que amenizem a desaceleração no crescimento.
A instituição sugere ainda a busca de novas fontes de crescimento e o uso do estímulo fiscal em áreas que criem empregos e possam sustentar a expansão no longo prazo. Os bancos devem ser submetidos a testes de estresse e ser recapitalizados caso haja indícios de que enfrentarão dificuldades no eventual agravamento da crise.
Por fim, o Banco Mundial aconselha os governos a reforçarem sua rede de proteção social, para amenizar os impactos negativos da crise sobre a população.
A eventual realização do cenário pessimista desenhado pelo Banco Mundial levará à queda acentuada no preço das commodities, com impacto negativo sobre os países exportadores, entre os quais o Brasil.
Segundo o relatório divulgado ontem, o país sofreria com a retração dos preços dos produtos agrícolas e acentuada redução na cotação de metais como o minério de ferro, principal produto de exportação brasileiro.
"Os metais tiveram queda de 10% desde julho e o declínio será bem mais acentuado em um cenário negativo", observou Hans Timmer, diretor de Projetos de Desenvolvimento do Banco Mundial.
Mas ele ressaltou que a performance do Brasil será determinada mais pela estabilidade obtida com a política macroeconômica dos últimos anos do que com o efeito negativo dos fatores externos.
Na projeção que a instituição considera mais provável, na qual não há agravamento da crise, o PIB brasileiro cresceria 3,4% em 2012 e 4,4% no ano seguinte. Ao mesmo tempo, o déficit em conta corrente aumentaria para 3,2% e 3,4% do PIB, respectivamente, comparado a estimados 2,5% em 2011.
O Banco Mundial tem uma visão otimista do comportamento da China, a segunda maior economia e principal motor do crescimento global. Na avaliação do economista-chefe da instituição, o chinês Justin Yifu Lin, as autoridades de Pequim vão conseguir levar o país a um "pouso suave", com manutenção do crescimento acima de 8%.
Lin espera expansão de 8,4% em 2012 e 8,3% no ano seguinte. Em sua avaliação, a China tem sólidos fundamentos para sustentar o crescimento, como alto índice de poupança, situação fiscal confortável, rápida urbanização, grande volume de reservas internacionais e ampla capacidade de investimentos.
"O mundo não é mais dependente do consumidor americano ou europeu, mas é cada vez mais dependente do investidor asiático. Investimentos são bons não só para a economia doméstica, mas para as exportações de países ricos", ressaltou Timmer.

COMENTÁRIOS:

Essas agências de classificação deveriam ter dado seus alertas cinco anos atrás, e não agora.”
Michel Barnier, comissário da União Europeia para o Mercado Interno, diz ter ficado surpreso com o rebaixamento pela agência Standard & Poor’s de vários países europeus na semana passada.
Estamos na Arca de Noé, dependentes das águas. Tem que parar de chover.”
José Carlos Martins, diretor executivo de Ferrosos e Estratégia da Vale fala sobre os problemas que estão sendo enfrentados pela mineradora nas operações em Minas, Rio e Vitória.
 “É dessa maneira que iremos reconstruir uma economia onde o trabalho duro compensa e a responsabilidade é recompensada
Barack Obama, presidente dos Estados Unidos fala a empresários e pede que as companhias gerem mais empregos e ajudem o país a sair da crise econômica.
Nós estamos conseguindo bons progressos sobre o pacto fiscal. Consolidar o euro é um objetivo ambicioso, mas factível.”
Chanceler alemã, Angela Merkel, ao falar sobre a situação da Europa após encontro com o presidente da França, Nicolas Sarkozy.

http://economia.estadao.com.br/noticias/economia,banco-mundial-rebaixa-projecoes-de-expansao-global-em-2012,99792,0.htm

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