"Não há nada escondido que não venha a ser revelado, nem oculto que não venha a se tornar conhecido". Lucas, 8:17,12:2 em Mateus10:26

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"Ninguém pode ser perfeitamente livre até que todos o sejam".

Santo Agostinho

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Silêncio da privataria: quando a imprensa se cala

Silêncio da privataria: quando a imprensa se cala

MAIOR PARTE DA MÍDIA IGNORA LIVRO-BOMBA CONTRA TUCANOS; PELO TWITTER, SEGUIDORES EXIGEM SEM SUCESSO ANÁLISES DOS JORNALISTAS DORA KRAMER, DO ESTADÃO, KENNEDY ALENCAR, DA FOLHA, E NOBLAT, DE O GLOBO; VEÍCULOS TRADICIONAIS AINDA ESTÃO DESCONECTADOS DO JORNALISMO 2.0

14 de Dezembro de 2011 às 11:32
Diego Iraheta _247 - A resposta da imprensa brasileira ao maior fenômeno editorial de 2011 lança luzes sobre o descompasso do jornalismo “mainstream” com a era digital. O livro A Privataria Tucana, do repórter Amaury Ribeiro Junior, vendeu 30,5 mil exemplares em quatro dias. As livrarias de todo o País já aguardam a segunda remessa da obra, que denuncia os subterrâneos das privatizações no Brasil na era FHC e revela o enriquecimento de familiares de José Serra. A despeito da bomba política, fartamente documentada, a maior parte da mídia segue calada. Não abre o bico para comentar o livro que bica o alto escalão dos tucanos. Pela internet, no entanto, milhares de brasileiros têm rompido esse silêncio e fustigado os jornalistas.
“Nunca escrevi ou comentei sob chicote de patrão, de fonte ou de leitor/telespectador/ouvinte/internauta. Não farei agora”, tuitou o jornalista Kennedy Alencar, colunista da Folha, nesta terça-feira. Essa foi a reação dele à pressão de seguidores exigindo uma opinião sobre o livro que não fica atrás do mensalão na lista de escândalos políticos brasileiros. “Se julgar válido, darei opinião ou farei algo na TV, no rádio ou na internet”, desconversou.
Sem uma linha sequer sobre o livro em suas últimas colunas, a renomada Dora Kramer, do Estadão, elevou o tom às críticas recebidas por tuiteiros: “Façamos o seguinte: matriculem-se na faculdade de jornalismo, trabalhem 30 anos no ramo e aí a gente discute, ok?”.
Ao ignorar o livro e o impacto dele para a política nacional, Kennedy Alencar, Dora Kramer e tantos outros revelam desconexão com as mídias digitais e os leitores 2.0 e 3.0. Que mal há se os seguidores exigem uma posição daqueles que consideram analistas políticos de referência sobre um fato político relevante? Esse é o mais claro indicativo de interesse público – o principal combustível do jornalismo.
Por meio das redes sociais, o jornalismo está se tornando cada vez mais horizontal. Sim, os leitores mandam, mas não precisam ser encarados como capatazes. É o interesse público em tempo real tuitando e cutucando. E não chicoteando!
O modelo top-down, a que Folha, Estadão e afins estão acostumados, não se encaixa na rotina produtiva de notícias atual. Hoje, quem decide o que é notícia não é só a empresa de comunicação, o colunista, a fonte. É o leitor – ativo, questionador, em contato permanente com o jornalista pela internet.
Esse leitor não precisa ingressar na escola de jornalismo hoje para aprender a discutir com colunistas. São os jornalistas de hoje que precisam entender que o modelo de 30 anos atrás ficou lá no passado. Mesmo!
A privataria: o dossiê de um jornalista indiciado pela Polícia Federal

Para justificar a ausência da privataria do próprio repertório político, Dora Kramer frisou “o envolvimento do autor [Amaury Ribeiro Junior] com dossiês de campanha. Arranha a credibilidade”. O amado, odiado e sobretudo seguido Ricardo Noblat, de O Globo, disse aos 132 mil seguidores que estranhou a motivação política de Amaury para escrever o livro. “Ele sabia que tava a serviço de um governador [Aécio Neves]... Isso não derruba a princípio o que ele escreveu no seu livro. Mas recomenda cautela em dobro para quem imagina lê-lo e comentá-lo”, ponderou.
Em outubro do ano passado, Amaury foi indiciado pela Polícia Federal por violação do sigilo fiscal de lideranças tucanas e de familiares de José Serra. Os investigadores apontaram que o repórter se envolveu com corrupção ativa, uso de documento falso e oferta de vantagem a testemunha. No entanto, o livro de Amaury faz revelações contundentes amparadas emdocumentos públicos, obtidos em cartórios e na Junta Comercial. Ainda que tivesse finalidade de dossiê, tem um denso trabalho de apuração jornalística.
Dessa forma, nada impediria que Noblat e Dora destacassem o sucesso do livro que golpeia em cheio o coração do PSDB, mas com as devidas ressalvas. “Apesar da ampla apuração e das fontes reais, documentos que comprovam a tal privataria, o autor do livro foi indiciado pela Polícia Federal por corromper testemunhas, usar documentos falsos etc e tal.”
Reinaldo Azevedo, de Veja, tentou logo desqualificar a privataria. Pouco depois do lançamento do livro, deu uma indireta bastante certeira aos leitores de seu blog. “Lembrem-se do ‘Dossiê Cayman’. Bandidagem volta a agir!” foi o título de um post em que Reinaldo se refere ao conjunto de papéis falsificados que buscava incriminar o alto escalão do PSDB na campanha eleitoral de 1998.
Quem consegue furar o cerco?
Desde a semana passada, o Brasil 247 está acompanhando a repercussão do livro de Amaury Ribeiro Jr. No off-line, a Record News e a revista Carta Capital abriram espaço para falar da privataria. No on-line, os blogueiros Luiz Carlos Azenha e Luis Nassif também se manifestaram. Essa meia dúzia de gatos pingados da mídia integra o time da “exceção”, que não se curva a um silêncio incoerente em tempos de buzz na internet.
Ao 247, Nassif criticou as empresas de comunicação: “Elas estão comprometendo a imagem de todos os jornalistas e colunistas. Como eles vão justificar que não estão tratando do tema do livro de maior vendagem da história?” Para o blogueiro, a mídia não pode mais blindar o que cai na rede. "Nas livrarias, metade das pessoas está querendo o livro. A outra metade quer saber que livro é esse", conta.
Reportagem exibida pela Record News na terça-feira, 13, sublinhou que, na queda-de-braço da grande mídia com as mídias sociais, a informação sai vitoriosa graças ao boca a boca nas redes. O âncora Heródoto Barbeiro, ex-CBN, fez questão de dizer que ele próprio está atrás do livro, esgotado em São Paulo.
O caso da privataria acena para o atraso da “grande imprensa” em lidar com o que, no passado, os donos dos veículos de comunicação carimbariam como impublicável. Hoje, isso não é mais possível pois a internet se encarrega de disseminar as histórias. A blogosfera já entendeu a mudança em curso graças à forma como a sociedade utiliza a tecnologia e as redes para obter - e compartilhar - informações.
No atual cenário de jornalismo em transformação, jornais e jornalistas deveriam ouvir mais para saber do que deveriam falar mais.

COMENTÁRIOS:

Vinicius Gaban   Isso meus senhores, é a prova cabal de como, na verdade e como já vem sendo denunciado, os grandes jornais que hoje são braços políticos do PSDB são os grandes promotores da censura neste país. Agora que está escancarada a regulação da mídia vai ter de vir e tirar o poder da (des)informação das poucas famílias que controlam a informação no Brasil e democratizar esse poder. Lamentável a atuação desses jornalistas, o seu descompromisso com a verdade. Democracia e liberdade de expressão, somente quando convém. Agora, com a faca, o queijo e a palavra o Ministério das Comunicações, Ministério Público e Polícia federal. Para finalizar, não surpreende esse silêncio por parte de jornalistas tucanos pois eles sabem bem quem eles defendem. O PSDB subtraiu o Brasil e FSP, Estadão, Globo nos subtraem a verdade e os fatos, TODOS OS DIAS.
Rubens - Como Folha e Globo vão falar da roubalheira na privatização das teles, se foram beneficiadas por ela? Como Veja, Folha, Estadão e o Globo vão criticar os tucanos, se todos os anos os governos tucanos renovam milionárias assinaturas desses veículos? Como vão falar de um livro que os mostra como cúmplices na tentativa de criar uma cortina de fumaça para esconder a roubalheira? Via a internet! A verdadeira primavera brasileira.
MARCELO - Ontem, no JN, apareceu três matérias com o Ministro da Saúde. Anteontem, o JN exibiu um comercial da Caixa e outro da Secretaria dos Direitos Humano(SDH).Todo santo dia tem comerciais da Petrobras, Caixa, BB, Correios, Chesf, Eletrobrás, Banco do Nordeste, Banco da Amazônia em todas as TVs, principalmente na Globo. Atores como Osmar Prado, Eriberto Leão, Gloria Pires, Carol Castro e Hermila Guedes fazem comerciais pro governo federal. A Grande Família é patrocinada pela Caixa. Lula foi no enterro de Roberto Marinho em 2003.E ainda falam em PIG....Só se for o Partido da Imprensa Governista. Quero ver alguém contestar o que escrevi aí em cima.


CLÁUDIO - Ao contrário dos petistas, acho que a imprensa deve, sim, fazer escândalo por uma simples tapioca paga com o dinheiro público. Porém, pela mesma razão, acho que, quando BILHÕES de dinheiro público são apropriados por políticos e empresários, a imprensa deveria fazer um escândalo infinitamente maior, proporcional ao tamanho do roubo. O que se vê, no entanto, é o envolvimento e a cumplicidade nas falcatruas. A maior bandidagem não é a cometida por Serra, Verônica Serra, Daniel Dantas, Preciado e outros personagens do livro. A maior bandidagem é a da própria imprensa, que não apenas virou um partido político, mas sobretudo vem dando sustentação a uma verdadeira máfia que há quase duas décadas age impunemente, inclusive aqui no estado de São Paulo.
Dona Rosinha - Para o Genevaldo quem tem credibilidade é o meliante João Dias. Amaury é JORNALISTA investigativo. Mas isso não interessa, o que interessa são os DOCUMENTOS protocolados e assinados em cartório. Contra fatos não há argumentos. E não adianta chorar nem tentar desqualificar um jornalista que trabalhou durante mais de 10 para fazer o livro. Chorar é de grátis. Quer um lençol?

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